segunda-feira, julho 21

Transeuntes no tempo





















Eu, colecionadora nata de almas, divago hoje entre o haver e o sentir... Vinha entornando-me de esperas, ultrapassando próprias expectativas e recolhendo as prendas que nem julgava merecer. Até aqui!

Entre a tarefa árdua diante da conquista mútua e da saída brusca e sábia da vida dos que não me "pertencem", fico com a melhor e pior partes... E bem sei eu dos preços a que me submeto custear das almas, as emoções... E custeio porque jogar é para os bem pobres (de espírito); porque fingir é dos indignos do que comem; porque amaldiçoar é simplesmente impróprio!!! Porque seu sorriso é que foi minha alienação...

Sim! Enlouqueci... Desde o início! E quem disse que não é no mundo dos loucos que se encontra a paz? Onde ditaram as condutas - receitas inúteis de cápsulas prontas - para sermos de fato felizes? Quem disse que tem que ser pra sempre, se o sempre escapa-me na medida certa? E se volta SEMPRE enquanto eu puder lembrar? (E sorrir?)

Não. Não precisa assinatura! Nem promessa... Aliás, esta última é a maior praga da humanidade e experimentei ser divina por uns dias... E mais: tive o retorno inesperado à leitura de minhas linhas escritas, de minhas linhas contadas, de minhas linhas desnudas. Porque em seus olhos li a verdade que não tenho visto mais. Em seus movimentos tive a criança que procuro em mim; o lúdico de que me despedi quando a minha graça se foi. Aí descobri que deixei de recolher prendas porque me deram de beber o sumo e de comer a nata, me fazendo saborear aos poucos até entorpecer-me da alma que tanto procurava.

Seu adeus não é de morte - para o qual me vendi há 10 anos. (E que sorte!!!). Sua partida não é de passagem se há tanto que ficou aqui... Nem sei se sua ida tem volta! Mas pertenceremo-nos para sempre (cabendo aqui o bom uso desta palavra) na história que ficou sem fim e nada pode mudar esta doce realidade! Porque fomos INTEIROS somando versões, multiplicando os segundos, surpreendendo o ininterpretável diante nossos próprios olhos! (E os de tantos quantos puderam nos alcançar...).

O limiar da dor segue apenas na saudade que de temida e companheira só me ensina a amar melhor o que deixo livre como sou...

Assim seja!
Marcelle.

Imagens: guardiadesonhos.spaces.live.com
petalas.blogs.sapo.pt

4 comentários:

Avassaladora disse...

Para alguém na minha situação, ler algo desse tipo, as lágrimas comentam por mim.
Era tudo que eu precisava...ver que eu não sinto isso sozinha, que não sou a única "louca" no mundo!:)

Varanda do Degredo disse...

Que bom ver que compartilha deste "estado"... Enquanto autora, delicio-me das emoções que provoco porque assim também não me sinto só! Enquanto mulher, continuo a transformar qualquer coisa assim triste como esta despedida em algo "belo" para não desmoronar... Seja feliz, Laís! Um beijo, Marcelle.

Varanda do Degredo disse...

Este espaço, como lugar de circulação de emoções, não poderia receber melhor postagem! Me emocionou muito!
Bjo grande

Anônimo disse...

E que doce é a presença e sem gosto é a ausência, de tudo o foi o que fica é a saudade. Do querer ao poder, o melhor é te sentir.