sexta-feira, dezembro 1

ADOREI ISTO...




Recebi por e-mail e lavei a minha alma... por causa do que escreverei ao final...

Desconheço a origem da imagem.


UM CORDEL PARA JABOR

Jorge Filó


Este cordel que apresento

Sem nenhuma pretensão

E mesmo que lhe pareça

Ser verdadeira a versão

Ainda que eu não garanta


É uma mera ficção.


Assim começa o cordel


Justo na reflexão


Tô falando do espelho


Da nossa imaginação


Que as vezes num belo dia


Prega em nós grande lição.


Como se Arnaldo Jabor

Num exame de consciência

Um belo dia acordasse


Com toda sua eloqüência


E em conversa mostrasse

Sua verdadeira essência.




"Caros amigos leitores

Eu sou Arnaldo Jabor

Cineasta e jornalista

Direitista e traidor

Também sou um caga-pau

Xeleleu e delator.

Do clã Roberto Marinho

Sou baba-ovo da hora

Digo só o que eles querem

Creio e nego, sem demora

Sou um neo-liberalista

Por enquanto, até agora...

Um dia já fui esquerda

Era na luta engajado

No cinema brasileiro

Contestei fui contestado

Hoje meu cinema é outro

Pelo poder fui comprado.

Hoje voto na direita

No maior descaramento

Nego tudo que outrora

Mostrava em meu pensamento

Glauber Rocha tando vivo

Seria o meu tormento.

Mudei de convicções

As antigas companhias

Agora sou um amigo

Das grandes oligarquias

Digo tudo qu`eles mandam

Mentiras, patifarias.

É assim que a coisa anda

É assim que o mundo gira

Sou um lobo carniceiro

A serviço da mentira

Se eu não tirar o meu

Chega outro vem e tira.

Faço uso da palavra

Pra defender meu quinhão

Quero mais é que se fôda

Quem defende esta nação

Meu caviá garantido

Para quê preocupação.

Sou perverso no que digo

E ainda sou respeitado

Pois a mentira é quem dita

Dita por quem ta do lado

Dos grandes exploradores

Do poder televisado.

Faço do verbo navalha

Quero mais é ta por cima

Vai viver sempre enganado

Aquele que subestima

A minha capacidade

De cagar uma obra-prima.

Agora devo ir embora

Meu trabalho me espera

Vou inventar outra estória

Para parecer de Vera

E quem ler sempre acredita

Na minha nova quimera."

Este cordel esquisito

Que acabamos de ler

É fruto do pensamento

Que acabo de escrever

Me chamo Jorge Filó

Em mim você pode crer.

Um forte abraço do poeta Jorge Filó.

Recife - Pernambuco - Brasil




Por que gostei tanto?
Explico: esta semana me vi refletindo sobre o problema do mal.
Seguinte: meu amigo Halisson me repassou uma material que o próprio usou em uma apresentação acadêmica na UENF sobre o tema "A banalidade do mal", baseado na filósofa judia Hannah Arendt.
Neste texto, Arendt analisa o caso Eichmann, que trabalhou diretamente na logística da "solução final" dos judeus para viabilizar o extermínio em massa.
Sobre a pessoa de Eichmann, diz Arendt: “Os feitos eram monstruosos, mas o executante (...) era ordinário, comum, nem demoníaco, nem monstruoso” . Arendt defende, assim, que o mal de Eichmann era a irreflexão, a superficialidade.
“Clichês, frases feitas, adesão de códigos de expressão e conduta convencionais tem a função socialmente reconhecida de nos proteger da realidade, ou seja, da exigência de atenção do pensamento feita por todos os atos e acontecimento em virtude de sua mera existência” (H. Arendt)
Vivemos numa cultura de superficialidade e irreflexão, e é evidente o espaço que a perversidade ganha nesta mesma cultura.
O que o A. Jabor tem a ver com isto? Alguém já leu textos do mesmo extremamente bem escritos, nada superficiais, elegantes, sedutores, convincentes, em que ao final ele coloca o leitor, quase sempre superficial, no bolso, defendendo pena de morte, marginalização progressiva de quem já vive em estado de exclusão total, privatização da segurança (munição doméstica), e outros que no momento não me recordo.
E do ponto de vista moral: já viram como ele tipifica as mulheres? Já viram as defesas de "cornidão preventiva" masculina? Dizer que ele é mais um machista em uma sociedade machista, daria conta da irresistível vontade de ceder aos seus argumentos por tantos leitores que o mesmo arrebanha?
Seria Jabor uma reprodução global de Eichmann?
Sugiro que a gente repense a banalidade do mal quando esta é usada pela inteligência do mal.
Saudações humanistas aos humanos e não-humanos que se ressentem da propagação da perversidade.
Márcia Mérida

2 comentários:

George Gomes Coutinho disse...

Trata-se de visita ligeira!

Mas, ligeireza a parte deu para ler tua análise sobre o Jabor e a inegável semelhança, em tempos de uma mídia tão inegavelmente poderosa e unilateral (um verdeiro ciclope), existente entre o cronista global e o Eichmann...

Para mim tem eficácia explicativa!

E lá vamos nós prosseguindo bolados com a banalização do mal totalizante...

Anônimo disse...

É perigoso demais o tom erudito que se dá a idéias preconceituosas e velhas. Isto mostra a posse de um conhecimento que foi incapaz de transformar formas de pensar, mas apenas cristalizou pré-concepções de realidade.
Acho que a "reflexividade" não se confunde jamais com erudição ... esta, por si só, não leva ninguém a lugar nenhum.

Mil beijos...

Hal