
Também estava proscrito o crepúsculo de Câncer.
Nesta hora dois decursos de equinócios me marcaram
Sou astral, do sul, meridional.
A fotofobia é marca do corpo
Nascido e projetado à meia luz.
Minha aurora é libriana,
No primeiro ciclo primaveril.
Minha alvorada é canceriana,
No último ciclo outonal.
Olhos sensíveis, exigentes de penumbra.
Luz demais me ofusca.
À meia luz tudo é desejo, querer saber.
Assim nasci,
Sob a constante busca do equilíbrio.
E morro a cada descarte do que em mim excede.
Machado quase me leva com seu triangular primaveril.
Mas Drummond adverte-me autunalmente:
“Em maio tantas vezes morremos”.
Prefiro então o frescor vernal:
“Em setembro tantas vezes nascemos”.
Abaixo do Equador,
Sou filha da bacia nova, novíssima!
Litorânea, de limite.
Plástica, dobra-se aos meus olhos.
Na planície nova, há brisa ainda,
E eu dobro-me diante dos seus ares.
Sou como sedimentos aluvionais.
Ainda há muito a ser moldado!
“Oh, Rio Paraíba dos meus sonhos!
Leva a minha mágoa para o mar...”
Sou grumossolo, argila.
Rocha maleável, se molhada, e flexível!
Dureza é minha propriedade seca.
Sou também rocha secundária, e
Disto me orgulho!
Sou derivada e não derivante.
E isto me põe em movimento.
Do nascente ao poente.
E quando poento, poeto, ponho fim na eternidade.
Não me repito.
Sou sendo, poendo as cordas do universo,
Que me faz verso, que me faz prosa.
Márcia, 22/12/2006
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