
Espalha-se a aparência de sonhos desta estação...
Soluço em arranques porque sei
Que esta voz não aguenta
Tamanho silêncio, arrependimento, invasão...
Em desespero invade-me este soro cansado
Destilado a nascer por detrás deste vidro seco,
Meu cansaço, santo desprezo, murmúrios baixos...
E aquele afago, tão breve, não tarde
Vai-se cedo pela madrugada.
Das paredes cruas de uma carne fresca
Sinto uma jaula grande, marcada e arredia,
Apelante pelo dia que a alegria fosse sua...
E a pressão que então segue
Expulsa o que não mais serve, e perdura,
por sobreviver...
Minha morada pelos sons das risadas
Desculpa-se envergonhada pela covarde saga pertencer.
E tais muros, não tão muralhas
Oferecem-se apagados, já não querem mais.
E as correntes, e os portões, tantos porões de sobrevida
Por fases desconhecidas preferem se esquecer
das partes que a vida premia despercebida
Até que as labaredas distraem-se atrevidas e ousam aquecer
Até que chegam em graus, tão rápidos, tão decididas
Que destroem o cordão para se manterem...
Não bastasse o que no peito não bate e lateja
E que a vontade antes de ser adormeça
Pelas fontes árduas que o fel derrubou.
E a correnteza doce de paz e certezas
Que pela descrença das primeiras represálias disfarçadas
Expulsou a armadura dos fatos, do pensamento, do amor.
E como culpasse das razões as recaídas
E perdoasse as emoções que regem a vida
Minha persistência avança cada renascimento,
Todo o arrependimento que pulsa e arde,
Perseguida em revolta que rebate e
salta de cada volta na imensidão...
Imensidão deste puro vazio, deste choro já frio
Que se segue acostumado
Depois que triste faz-se o canto, o amargo tardio
Antes que grite este sonho já tão desbotado...
Até que espalhe pelos cantos de dentro
A morbidez tanta em desperdício bastardo
Do desespero, meu único acalento,
Quando a tristeza se parte cansada...
Só que destes contos ninguém se aproxima
Nem sequer interessa se as rimas
De fracas desfazem-se em pranto...
Se de convincentes felicitaram ao menos tal tinta
Que pela caneta se faz explodir...
Não importa se é de algum espanto
Quando na dor desfila o canto que me distrai
Pois mesmo que não agradem
São tais as palavras que sorriem e esvaem-se
São elas que também fogem de mim...
Marcelle

3 comentários:
Vai um trago, sim!
Com a bênção de Shiva, que queima e dança!
Com o desespero que espera a lança...
para cortar o peito que ora lateja,
o corte esvazia a pressão, se desocupa,o nada assusta,
mas é espaço aberto para uma nova trança!!!!
É enlace novo que preenche o nada!
E ressignifica a luta para enfrentar o dia!
Márcia
É Márcia, quem diria!!! Mas é isso mesmo. Também não posso e não pretendo fazer apologia ao tabagismo... Mas a justificativa mais plausível à minha fraqueza é essa... Eu sabia que já era lida nas entrelinhas... Beijo!
Merece publicação!!! Vai lá!!! Vamos nos responder na varanda!?
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