sábado, novembro 25

Quando o verbo pega o delírio: geografo!


Palavras embargadas


Hoje geografei sobre a superfície

E a litos que esfera pedra era

derreteu-se em meus olhos, sangrados de magma.

É que em mim se prenuncia um vulcão

recortado de câmaras que trilham interiores

abarrotados de rochas rápidas e enxofre,e mediante pressão, acertam a tantos...

Geografo todas as vezes que represento-me

e reconheço-me naquele lugar.

Torno-me placa instável

à deriva de fraturas e de sua própria consumação.

Ainda que na superfície,vejo esculturas lambidas em erosão;

e bacias onde deposito os sonhos vãos,

achatados pelo tempo.

Em nada a crosta se desliga das erupções internas

E as descontinuidades?

Estas, enquanto hiato, apenas lembram,

tal qual a liga que faz o hífen da separação:

a frieza da crosta é o endurecimento do magma -

este líquido fervente que teima escorrer de meus olhos.

E se isto me queima, também me alivia,

posto que bênção de Shiva.

Põe-me diante da grandeza do que reconheço.

Desconheço...

e me origina de tempos que não alcanço.

28/03/2006 - 18h40

Márcia

Imagem obtida em: http://oberdorf.org/oly/US/Hawaii/Magma.jpg


Um comentário:

Varanda do Degredo disse...

Putz! A cada vez que releio, me identifico mais!! Que obra... Geografe sempre!!! Bjos, Marcelle