
Palavras embargadas
Hoje geografei sobre a superfície
E a litos que esfera pedra era
derreteu-se em meus olhos, sangrados de magma.
É que em mim se prenuncia um vulcão
recortado de câmaras que trilham interiores
abarrotados de rochas rápidas e enxofre,e mediante pressão, acertam a tantos...
Geografo todas as vezes que represento-me
e reconheço-me naquele lugar.
Torno-me placa instável
à deriva de fraturas e de sua própria consumação.
Ainda que na superfície,vejo esculturas lambidas em erosão;
e bacias onde deposito os sonhos vãos,
achatados pelo tempo.
Em nada a crosta se desliga das erupções internas
E as descontinuidades?
Estas, enquanto hiato, apenas lembram,
tal qual a liga que faz o hífen da separação:
a frieza da crosta é o endurecimento do magma -
este líquido fervente que teima escorrer de meus olhos.
E se isto me queima, também me alivia,
posto que bênção de Shiva.
Põe-me diante da grandeza do que reconheço.
Desconheço...
e me origina de tempos que não alcanço.
28/03/2006 - 18h40
Márcia
Imagem obtida em: http://oberdorf.org/oly/US/Hawaii/Magma.jpg
Um comentário:
Putz! A cada vez que releio, me identifico mais!! Que obra... Geografe sempre!!! Bjos, Marcelle
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