segunda-feira, fevereiro 18


Em tempos pensei em não postar imagens... O texto que trago hoje é cru e sem cor... Falo de trajetórias tomadas ao acaso; em rumos sem volta e opções infindas. Falo de correntezas e forças desmedidas que nos fazem seguir sabe Deus pra onde e até quando. Falo de moinhos de vento, furações, tempestades, fúrias e vôos que rimem com partida e saudade de casa. E falo de trégua - a que rogo tanto aos céus... Porque sei que nas decolagens que fazemos, se olharmos para trás o que vemos é um mar calmo e, perdemos a visão exata da vida que se esconde dentro dele, além das revoltas por que passam os viventes dali. Se cair deste avião, vem o caos: o choque com todos os comemorativos dos danos e talvez nao sobreviva... Se eu ficar, pode faltar combustível e a queda será inevitável. Os ventos daqui podem não suportar meu "peso"... Se eu continuar subindo, arrisco ancourar-me em alguma estrela novamente, e novamente, e, gostar da brincadeira rumo ao infinito... Mas são só moinhos, mais nada. Seja de ventos ou de águas, eles vêm e vão... Quando passam fica o vácuo e a mais pura sensação de queda livre por que já passei outras vezes... Sobrevivi e odeio - sabem por quê? - Não houve mais ninguém na tripulação...
Atribuindo isto ao tempo, que viaja sem sair do lugar e, no mesmo movimento:
Ponteiros
E vai nos moinhos,
de horas atrás - em termos...
Caronas, presságios, sorrisos, parábolas...
- Seguia à parte,
Remava anti-horário, burlava segredos,
Passeava nas trevas, adormecia nos raios!
Sim, perdera o fôlego, sem enredo...
Ensinava ao vento o MEU cheiro!
Diluia no mar a saudade...
Distraindo as pálpebras, devolvendo risadas,
Pra levantar-me em dores - inteira...
Quando não sentia meu corpo - metade...
E mascarei-me os sonhos - arreios;
E fui tecendo-me em escombros - semeios;
E repartia meu sangue - passagem!
Até despir-me em pesadelo...
Que também vai nos moinhos,
E passa sobre os ares, e traz-me sorte.
- Permeio, invasões, sentidos, maldades...
No vai-vém de horas atrás, sem termos,
Partia sozinha...
Regava relógios alheios - bobagens.
Cedia a apelos vazios, cegava os ouvidos de mansinho,
Pra entorpecer minha solidão à quase setenta porcento,
Pra esbarrar-me no chão, de tão covarde...
Mas com músicas -pílula e lágrimas mortas,
E as curvas das esquinas
Pra flagrar meus arrepios
-Que vão nos moinhos,
De horas em vão, que partem comigo -
Apenas.
Marcelle - 2008