quarta-feira, novembro 29

Já que estamos falando sobre o TEMPO, Quintana e os relógios...

AH! OS RELÓGIOS


Amigos, não consultem os relógios

quando um dia eu me for de vossas vidas

em seus fúteis problemas tão perdidas

que até parecem mais uns necrológios...


Porque o tempo é uma invenção da morte:

não o conhece a vida - a verdadeira -

em que basta um momento de poesia

para nos dar a eternidade inteira.


Inteira, sim, porque essa vida eterna

somente por si mesma é dividida:

não cabe, a cada qual, uma porção.


E os Anjos entreolham-se espantados

quando alguém - ao voltar a si da vida -

acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana

Para Marcelle e os obstáculos que sempre nos espera...

Imagem obtida em: www.oleandros.blogspot.com
POEMINHO DO CONTRA


Todos estes que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão.

Eu passarinho!


Mario Quintana
Postado por Márcia

terça-feira, novembro 28

Sobre o tempo e nossa regulação...

Imagem obtida em:
http://www.stoneagescanners.com/chester/blog/archives/2005/10/horario_de_vera.html


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente.


Carlos Drummond de Andrade
Nobert Elias, em seu livro, Sobre o tempo, defende a tese que o tempo é um saber socialmente construído, sendo uma referência fundamental para a convivência humana.
Em diálogo com os físicos de seu tempo, Elias se vale da idéia predominante na Física, de que o tempo físico não existe! Conclusão pós-Einstein. Arvora-se da prerrogativa dos sociólogos, então, tratarem da questão, e demonstram que este saber, assistemático e coletivo, sintetizado no conceito "tempo", é fundamental na nossa orientação, em todos os sentidos cabíveis.
A síntese chamada "tempo", é por Elias comparada à linguagem, cujos processos de construção não reconhecemos nem exatamente a origem, nem a conclusão, pois esta não há.
Tais sínteses de conhecimentos construídos a partir de interações entre humanos e não humanos, entre necessidades e contigências, podem assumir força reguladora, coercitiva e dominante e da possibilidade de com esta força interagirmos.
Esta sacação fantástica, Drummond teve na poesia.
Também teve a Bancarrota Red, marcada por um grito de liberdade ao cronômetro...
É isto, Marcelle, abolindo a ditatura do cronômetro, do tempo pasteurizado, podemos reinventar este saber, deixando-se pertencer ao tempo dos resistentes, dos que não cedem às ditaduras, dos que são livres em espírito e corpo, e almejam viver no tempo das interações como esta que vivemos nesta varanda, que, embora sendo de passagem, marca um tempo, um tempo do exílio, que é ânsia não dos loucos, mas do que não reconhecem a ditatura do relógio como um tempo legítimo!!!
Continuemos...
Márcia

Bancarrota Red


Em meios a tantos “desastres” – meu último “talento” adquirido segundo “amigos” próximos – encontro-me exausta!
Talvez pelos tragos excedidos nestes últimos três meses – sem “goles” de cerveja associados – sinto-me quase que em insuficiência respiratória chegando ao final do segundo tempo.
Estou perdendo. Eu, e provavelmente todos que me amam vão perdendo comigo, porque não há segundo tempo em jogo solitário, só em coletivo. Tênis não tem tempo pra acabar; perde-se pela circunstância... Eu, vendo o cronômetro correndo, infelizmente sei que só depende de mim, mesmo que faltem força, ânimo, coragem, e que falte ar! Misturam-se a possibilidade da perda para as circunstâncias e o peso de não perder sozinha, numa inefável maratona em que o tempo conta e me trai! Não posso contar com ele... Queria era reinventar esta partida apelando do que julgo inédito para as evidências.
No meu velho e bom basquete éramos cinco; cinco recriando juntos as circunstâncias, nos ajudando, nos encorajando, levando por vezes à derrota alguns desconhecidos do banco e o coitado do treinador que não tinha tanta culpa assim... Sim, perdíamos juntos, por “nossa” culpa, e muitas vezes para o tal cronômetro que nos roubava a chance do “quem sabe se”...; do “de repente se”. E também vibrávamos juntos, abraçávamo-nos como se pudéssemos ocupar o mesmo lugar no espaço e não nos coubéssemos mutuamente...
Hoje é que aprecio mais os jogadores de vôlei! Jogo justo! Elitizado, diria... Reuniu circunstância, coletividade e desprezou o tal cronômetro...
Mas, como nunca quis mesmo ser “um vencedor” descubro-me não mais atleta, imposta à um jogo de tênis e com cronômetro!!! Na arquibancada? Qualquer um de plantão a rir-se do desastre próximo; apostando da minha sobrevivência à minha humilhação.
No banco: os que também amo e aos quais ao menos eu devia devolver a vitória porque cada um quer dividir do jeito que pode algum lugar comum no espaço que ocupo – independente de abraços! Nas mãos: alguns destinos, um maço, um copo de coca light, a bola e uma imagem de Nossa Senhora. À minha frente nada mais que um ponto de interrogação!
Depende das circunstâncias e que não parem o cronômetro porque ainda não terminei... Sou mais que força, ânimo, mais que coragem, sono e ar. Talvez não tenha a oportunidade de terminar no tempo certo, mas vou tentar, mesmo que eu “termine” após o fim devidamente cumprido...
- Assim perderei, ou não, com a cabeça no lugar dela e não abaixo! Porque desastre é estar na arquibancada, de mãos atadas, torcendo contra como em rinha de galo... Não sou gladiador, nem sou galo...
Hoje é que aprecio mais os cavalos! Animal justo! Diria, elitizado... Corre contra o tempo e contra o vizinho mas não lhes põe os pés na frente... Aceita as circunstâncias... Mas sobre o mundo animal converso outro dia. Senão os leões me devoram e sou jogada em restos aos porcos. Agora tenho pressa. Preciso terminar antes do cronômetro; enquanto houver ar, empurrar para prorrogação...
Aos do banco:
- Não perdi ainda não! Segurem a medalhinha, tragam mais água, um isqueiro e um lençol. Lençol para vendar meus olhos se por acaso eu fizer um ace (como aquela velha cesta de três no último minuto) e isto for um tiro de canhão na arquibancada.
Preciso vê-los arrasados não!!!

- Quero só continuar e espero que entendam!
(Marcelle - 28/11/2006)

Imagens: www.nutrinews.com.br/.../news/olhosvendados.bmp ; www.gilvanlemos.com.br www.historiadoexercito.hpg.ig.com.br ; www.kochtavares.com.br

O vencedor



Olha lá quem vem do lado oposto
e vem sem gosto de viver,
Olha lá que os bravos são escravos
sãos e salvos de sofrer,
Olha lá quem acha que perder
é ser menor na vida,
Olha lá quem sempre quer vitória
e perde a glória de chorar...
Eu que já não quero mais ser um vencedor,
levo a vida devagar pra não faltar amor
Olha você e diz que não
vive a esconder o coração
Não faz isso, amigo
Já se sabe que você só procura abrigo,
mas não deixa ninguém ver
Por quê será ?
Eu que nunca fui assim
muito de ganhar,
junto às mãos ao meu redor...
Faço o melhor que sou capaz -
só pra viver em paz!
(Los Hermanos - O Vencedor - Marcelo Camelo)
Imagens: David Vencedor retirada do site www.artehistoria.com e
David Vencedor de Goliat Caravaggio do site www.filosofia .tk
Lágrima - patdamian.blogspot.com

domingo, novembro 26

Recapitulando, porque eu ainda lembro...









Fênix
Eu,

Prisioneiro meu

Descobri no breu

Uma constelação

Céus,

Conheci os céus

Pelos olhos seus

Véu de contemplação

Deus,

Condenado eu fui

A forjar o amor

No aço do rancor

E a transpor as leis

Mesquinhas dos mortais

Vou

Entre a redenção

E o esplendor

De por você viver

Sim,

Quis sair de mim

Esquecer quem sou

E respirar por ti

E assim transpor as leis

Mesquinhas dos mortais

Agoniza virgem Fênix

O amor

Entre cinzas, arco-íris e esplendor

Por viver às juras de satisfazer

O ego mortal

Coisa pequenina,

Centelha divina

Renasceu das cinzas

Onde foi ruína

Pássaro ferido
(...)
Renascer das cinzas

Quando o frio vem
Nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
A luz da escuridão
E a dor revela a mais
Esplendida emoção:
- O amor
Versão: Jorge Versilo






Imagens: www.sectumsempra.com.ar/abaixodecao.blogspot.com/fenix.splinder.com/www.alucine.com
- Vi e ouvi isso daqui ontem e me senti assim... Meio vítima (daquilo que " só se deseja aos inimigos") e meio fênix até pelo triste final da história a que me refiro... Mas hei de continuar tentando "transpor as leis mesquinhas dos mortais", principalmente depois que esquecer-me até de que te esqueci, porque disto, ainda me lembro... Marcelle.

sábado, novembro 25

Quando o verbo pega o delírio: geografo!


Palavras embargadas


Hoje geografei sobre a superfície

E a litos que esfera pedra era

derreteu-se em meus olhos, sangrados de magma.

É que em mim se prenuncia um vulcão

recortado de câmaras que trilham interiores

abarrotados de rochas rápidas e enxofre,e mediante pressão, acertam a tantos...

Geografo todas as vezes que represento-me

e reconheço-me naquele lugar.

Torno-me placa instável

à deriva de fraturas e de sua própria consumação.

Ainda que na superfície,vejo esculturas lambidas em erosão;

e bacias onde deposito os sonhos vãos,

achatados pelo tempo.

Em nada a crosta se desliga das erupções internas

E as descontinuidades?

Estas, enquanto hiato, apenas lembram,

tal qual a liga que faz o hífen da separação:

a frieza da crosta é o endurecimento do magma -

este líquido fervente que teima escorrer de meus olhos.

E se isto me queima, também me alivia,

posto que bênção de Shiva.

Põe-me diante da grandeza do que reconheço.

Desconheço...

e me origina de tempos que não alcanço.

28/03/2006 - 18h40

Márcia

Imagem obtida em: http://oberdorf.org/oly/US/Hawaii/Magma.jpg


sexta-feira, novembro 24

Elegia Bancarrota...

Imagem obtida em:

(ou, para Marcelle, Moderação)


Meu lugar é aqui.

O fluxo me empurra, me atropela.

Nunca soube que poemas tivessem pés.

Versos de cinco pés, versos de seis pés.

Pentâmetros... Hexâmetros...

Da Elegia só guardo a melancolia!!!!

Do movimento que empurra, fratura, quebra.

Da bancarrota que falo,

não há tom em azul.

Imagem obtida em: http://www.pbase.com/image/26745725
Há a cor da terra

no sonho jambo insolvente.

É estranho dizer:

Mas, meu lugar tornou-se aqui!

É um lugar sendo de passagem.

É um lugar que me leva,

Que torna minhas raízes pés.

Não pés de versos,

Nem de jacarandá!

Muito menos pés de sonhos de meu éden tropical.

Porque sonhos se vão sem que sejam em vão!

Os diamantes que não rolam pelo chão,

óbvio: ninguém quer comprar.

E eu não posso, não quero vender,

queria mesmo era enraizar!

A varanda é lugar de passagem.

Mas também é lugar de encontro.

Então, eu quero ficar!

Ficando não encontro o mar!

Enraizando, não canto a melancolia dos que vão.

Indo, não vejo as estrelas que à noite rolam no chão.

Imagem obtida em: http://www.natalino.com.br/sinaleiro/archives/2004_04.html Ninguém vai vender.

Exílio não se vende:

Se busca, ou para ele é tocado.

O preto no branco da varanda do degredo, que não é blue,

Na minha bancarrota estada no mundo

Fico entre o aqui e o lá.

A raiz e o pé.

O agora e o depois (o passado a gente dá como esquecido)

Entre o que foi e o que virá.

Nesta insolvência que me impulsiona

Da Casa Sincera para o MAR.

Márcia, em 23/11/2006. (Embora estivesse fervendo este texto mentalmente há um tempo, veio ontem por inteiro na aula de MKT I, em questão de segundos, enquanto um aluno ou outro me chamava para tirar uma dúvida do trabalho que estava sendo feito.)


Ficou tudo preto e branco



Qin Qin, único panda branco e marrom do mundo, morre na China sem deixar herdeiros, aos 17 anos.
Disponível em:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/album/061124_album.jhtm?abrefoto=5

quinta-feira, novembro 23

Paradoxos da memória...


DO AMOROSO ESQUECIMENTO



Eu agora - que desfecho!


Já nem penso mais em ti...


Mas será que nunca deixo


De lembrar que te esqueci?



Mario Quintana

Demais, não?!?!?

Márcia

Desconheço a origem da imagem... (rindo muito!!!!)


Diário na Varanda... desta vez sobre o tempo e a memória...

Aos 17 anos comecei a trabalhar, e, recordo-me com felicidade que foi aí também que penso ter começado a aprender a estudar. Também me lembro que sempre me queixei de minha memória, sempre deixando falhas nas minhas relações pessoais, nas minhas relações profissionais e especialmente no exercício da minha profissão. Na hora “H”, aquele branco... Faltava o nome do rio, o nome do autor, o nome do presidente, o número que expressava uma realidade, enfim: incomodava tanto, que comecei verdadeira empreitada de superação desta dificuldade.
Ninguém podia citar perto de mim uma técnica mneumônica que eu tchum... ligava as antenas, e sozinha colocava aquilo em exercício. Curso de neurolinguísta e outros, não podia saber que alguém tinha feito que eu colava, apanhava o material emprestado, lia, aplicava, e resultado mesmo que eu queria? NADA. Apelei para remédios, vitaminas, vitaminas enriquecidas com minerais, alimentos enriquecidos, agentes contra radicais livres, e??? NADA.

O incômodo de ter que conviver com tal deficiência só aumentava. Os filhos nasceram, e quanto maior a sensação de escoamento rápido do tempo, o esquecimento crescia talvez na mesma proporção. Não me recordo se apelei para mandingas, rezas fortes, o que é bem provável! Mas perdi a conta de panelas que queimei, de receitas que desperdicei, de provas que não corrigi no prazo combinado, e até certa vez esqueci que idade eu tinha, quando abordada por uma secretária, informação que precisei recorrer ao meu RG para calcular. Datas de aniversário de pessoas importantes, nossa!!!???? E a ortografia correta da palavra que tinha que ir para o quadro??? Insuportável.
Não me esqueço da vez que saí descontente de um consultório médico em que fiquei um tanto aborrecida com o mesmo. Desta vez ele ousou a não receitar nada, nem vitaminas, nem técnicas de memorização, nada. A consulta encerrou, depois de várias perguntas, com:
- Você se lembra de quanto tem na sua conta bancária?
Eu respondi:
- Sim, lembro-me!
Então o que você tem não é nada demais, inclusive pelo que você me conta, o esquecimento te é necessário. É memória seletiva. Fiquei chateada, mas no fundo achei aquilo com tom de sensatez.
Inconformada, fiquei, até conhecer a “história” de Funes, e desde então invoco todos os dias ao cosmo a graça do esquecimento...

Márcia

Imagem disponível em:http://www.nemersonlavoura.blogspot.com/





" A Persistência da Memória"
Salvador Dali



Este quadro tem uma força quase magnética sobre meus olhos! Relógios plácidos, vivos, ao lado da velha máquina de cordas, cheio de formigas, sempre me puseram em outro mundo... Algo que dificilmente se explica, por tanger o desafio do tempo na existência...
Imagem obtida em :


Funes, o Memorioso


Jorge Luis Borges
Recordo-o (não tenho o direito de pronunciar esse verbo sagrado, apenas um homem na terra teve o direito e tal homem está morto) com uma obscura passiflórea na mão, vendo-a como ninguém jamais a vira, ainda que a contemplasse do crepúsculo do dia até o da noite, uma vida inteira. Recordo-o, o rosto taciturno e indianizado e singularmente remoto, por trás do cigarro. Recordo (creio) suas mãos delicadas de trançador. Recordo próximo dessas mãos um mate, com as armas da Banda Oriental, recordo na janela da casa uma esteira amarela, com uma vaga paisagem lacustre. Recordo claramente a sua voz; a voz pausada, ressentida e nasal de orillero antigo, sem os assobios italianos de agora. Mais de três vezes não o vi; a última, em 1887... Parece-me muito feliz o projeto de que todos aqueles que o conheceram escrevam sobre ele; meu testemunho será por certo o mais breve e sem dúvida o mais pobre, porém não o menos imparcial do volume que vós editareis. A minha deplorável condição de argentino impedir-me-á de incorrer no ditirambo - gênero obrigatório no Uruguai; quando o tema é um uruguaio. Literato, cajetilla, porteño. Funes não disse essas palavras injuriosas, mas de um modo suficiente me consta que eu representava para ele tais desventuras. Pedro Leandro Ipuche escreveu que Funes era um precursor dos super-homens; "Um Zaratustra cimarrón e vernáculo"; não o discuto, mas não se deve esquecer que era também natural de Fray Bentos, com certas limitações incuráveis.
A minha primeira lembrança de Funes é muito clara. Vejo-o em um entardecer de Março ou Fevereiro do ano de 1884. Meu pai, nesse ano, levara-me a veranear em Fray Bentos. Voltava com meu primo Bernardo Haedo da estância de San Francisco. Voltávamos cantando, a cavalo, e essa não era a única circunstância da minha felicidade. Após um dia abafado, uma enorme tempestade cor cinza escura havia escondido o céu. Alentava-me o vento Sul, já enlouqueciam-se as árvores; eu tinha o temor (a esperança) de que nos surpreenderia em um descampado a água elemental. Apostamos uma espécie de corrida com a tempestade. Entramos em um desfiladeiro que se aprofundava entre duas veredas altíssimas de tijolo. Escurecera repentinamente; ouvi passos rápidos e quase secretos no alto; levantei os olhos e vi um rapaz que corria pela vereda estreita e esburacada como que por uma parede estreita e esburacada. Recordo a bombacha, as alpargatas, recordo o cigarro no rosto duro, contra a densa nuvem já sem limites. Bernardo gritou-lhe imprevisivelmente: Que horas são, Ireneo? Sem consultar o céu, sem deter-se, o outro respondeu: Faltam quatro minutos para as oito, jovem Bernardo Juan Francisco. A voz era aguda, zombeteira.
Sou tão distraído que o diálogo a que acabo de me referir não teria chamado a minha atenção se não o tivesse enfatizado o meu primo, a quem estimulavam (creio) certo orgulho local, e o desejo de mostrar-se indiferente à réplica tripartite do outro.
Disse-me que o rapaz do desfiladeiro era um tal Ireneo Funes, conhecido por algumas peculiaridades como a de não se dar com ninguém e a de saber sempre a hora, como um relógio. Complementou dizendo que era filho de uma passadeira do povo, Maria Clementina Funes, e que alguns diziam que seu pai era um médico de saladeiro, um inglês O’Connor, e outros um domador ou rastreador do departamento de Salto. Vivia com a sua mãe, na curva da quinta dos Laureles.
Nos anos de 1885 e 1886 veraneamos na cidade de Montevideo. Em 1887 voltei a Fray Bentos. Perguntei, como é natural, por todos os conhecidos e, finalmente, pelo "cronométrico Funes". Responderam-me que um redomão o havia derrubado na estância de San Francisco, e que havia se tornado paralítico, sem esperança. Recordo a sensação de incômoda magia que a notícia despertou-me: a única vez que eu o vi, vínhamos a cavalo de San Francisco e ele andava em um lugar alto; o fato, na boca do meu primo Bernardo, tinha muito de sonho elaborado com elementos anteriores. Disseram-me que não se movia da cama, os olhos repousados na figueira do fundo ou em uma teia de aranha. Ao entardecer, permitia que o levassem para perto da janela. Levava a arrogância ao ponto de simular que era benéfico o golpe que o havia fulminado... Duas vezes o vi atrás da relha, que toscamente enfatizava a sua condição de eterno prisioneiro; uma, imóvel, com os olhos cerrados; outra, imóvel também, absorto na contemplação de um aromático galho de santonina.
Não sem um certo orgulho havia iniciado naquele tempo o estudo metódico do latim. A minha mala incluía o De viris illustribus de Lhamond, o Thesaurus de Quicherat, os comentários de Júlio César e um volume ímpar da Naturalis historia de Plínio, que excedia (e continua excedendo) as minhas modestas virtudes de latinista. Tudo se propaga em um povoado; Ireneo, em seu rancho das orillas, não tardou em enteirar-se da chegada desses livros anômalos. Dirigiu-me uma carta florida e cerimoniosa, na qual recordava no encontro, desditosamente fugaz, "do dia 7 de Fevereiro de 1884", ponderava os gloriosos serviços que Don Gregorio Haedo, meu tio, falecido nesse mesmo ano, "havia prestado às duas pátrias na valorosa jornada de Ituzaingó", e me solicitava o empréstimo de qualquer dos volumes, acompanhado de um dicionário "para a boa intelecção do texto original, pois todavia ignoro o latim". Prometia devolvê-los em bom estado, quase imediatamente. A letra era perfeita, muito perfilada; a ortografia, do tipo que Andrés Bello preconizou: i por y, j por g. A princípio, suspeitei naturalmente tratar-se de uma zombaria. Meus primos asseguraram que não, que eram coisas de Ireneo. Não sabia se atribuía ao atrevimento, à ignorância ou à estupidez a idéia de que o árduo latim não requeresse mais instrumento do que um dicionário; para desencorajá-lo completamente enviei-lhe o Gradus ad parnassum de Quicherat e a obra de Plínio.
No dia 14 de Fevereiro telegrafaram-me de Buenos Aires que voltasse imediatamente, pois meu pai não estava "nada bem". Deus me perdôe; o prestígio de ser o destinatário de um telegrama urgente, o desejo de comunicar a toda Fray Bentos a contradição entre a forma negativa da notícia e o peremptório advérbio, a tentação de dramatizar a minha dor, fingindo um estoicismo viril, talvez distraíram-me de toda a possibilidade de dor. Ao fazer a mala, notei que me faltavam o Gradus e o primeiro tomo da Naturalis historia. O "Saturno" sarpava no dia seguinte, pela manhã; essa noite, depois da janta, dirigi-me à casa de Funes. Assombrou-me que a noite fora não menos pesada que o dia.
No humilde rancho, a mãe de Funes recebeu-me.
Disse-me que Ireneo estava no quarto dos fundos e que não me estranhasse encontrá-lo às escuras, pois Ireneo preferia passar as horas mortas sem acender a vela. Atrevessei o pátio de lajota, o pequeno corredor; cheguei ao segundo pátio. Havia uma parreira; a escuridão pareceu-me total. Ouvi prontamente a voz alta e zombeteira de Ireneo. Essa voz falava em latim; essa voz (que vinha das trevas) articulava com moroso deleite um discurso, ou prece, ou encantamento. Ressoavam as sílabas romanas no pátio de terra; o meu temor as tomava por indecifráveis, intermináveis; depois, no enorme diálogo dessa noite, soube que formavam o primeiro parágrafo do 24o capítulo do 7o livro da Naturalis historia. O tema desse capítulo é a memória: as últimas palavras foram ut nihil non iisdem verbis redderetur auditum.
Sem a menor mudança de voz, Ireneo disse-me o que se passara. Estava na cama, funmando. Parece-me que não vi o seu rosto até a aurora; creio lembrar-me da brasa momentânea do cigarro. O quarto exalava um vago odor de umidade. Sentei-me, repeti a estória do telegrama e da enfermidade de meu pai.
Chego, agora, ao ponto mais difícil do meu relato. Este (é bem verdade que já o sabe o leitor) não tem outro argumento senão esse diálogo de há já meio século. Não tratarei de reproduzir as suas palavras, irrecuperáveis agora. Prefiro resumir com veracidade as muitas coisas que me disse Ireneo. O estilo indireto é remoto e débil; eu sei que sacrifico a eficácia do meu relato; que os meus leitores imaginem os períodos entrecortados que me abrumaram essa noite.
Ireneo começou por enumerar, em latim e espanhol, os casos de memória prodigiosa registrados pela Naturalis historia: Ciro, rei dos persas, que sabia chamar pelo nome todos os soldados de seus exércitos; Metríadates e Eupator, que administrava a justiça dos 22 idiomas de seu império; Simónides, inventor da mnemotecnia; Metrodoro, que professava a arte de repetir com fidelidade o escutado de uma só vez. Com evidente boa fé maravilhou-se de que tais casos maravilharam. Disse-me que antes daquela tarde chuvosa em que o azulego o derrubou, ele havia sido o que são todos os cristãos; um cego, um surdo, um tolo, um desmemoriado. (Tratei de recordar-lhe a percepção exata do tempo, a sua memória de nomes próprios; não me fez caso.) Dezenove anos havia vivido como quem sonha: olhava sem ver, ouvia sem ouvir, esquecia-se de tudo, de quase tudo. Ao cair, perdeu o conhecimento; quando or ecobrou, o presente era quase intolerável de tão rico e tão nítido, e também as memórias mais antigas e mais triviais. Pouco depois averiguou que estava paralítico. Fato pouco o interessou. Pensou (sentiu) que a imobilidade era um preço mínimo. Agora a sua percepção e sua memória eram infalíveis.
Num rápido olhar, nós percebemos três taças em uma mesa; Funes, todos os brotos e cachos e frutas que se encontravam em uma parreira. Sabia as formas das nuvens austrais do amanhecer de trinta de abril de 1882 e podia compará-los na lembrança às dobras de um livro em pasta espanhola que só havia olhado uma vez e às linhas da espuma que um remo levantou no Rio Negro na véspera da ação de Quebrado. Essas lembranças não eram simples; cada imagem visual estava ligada a sensações musculares, térmicas, etc. Podia reconstruir todos os sonhos, todos os entresonhos. Duas ou três vezes havia reconstruído um dia inteiro, não havia jamais duvidado, mas cada reconstrução havia requerido um dia inteiro. Disse-me: Mais lembranças tenho eu do que todos os homens tiveram desde que o mundo é mundo. E também: Meus sonhos são como a vossa vigília. E também, até a aurora; Minha memória, senhor, é como depósito de lixo. Uma circunferência em um quadro-negro, um triângulo retângulo; um losango, são formas que podemos intuir plenamente; o mesmo se passava a Ireneo com as tempestuosas crinas de um potro, com uma ponta de gado em um coxilha, com o fogo mutante e com a cinza inumerável, com as muitas faces de um morto em um grande velório. Não sei quantas estrelas via no céu.
Essas coisas me disse; nem então nem depois coloquei-as em dúvida. Naquele tempo não havia cinematógrafos nem fonógrafos; é, no entanto, verossímil e até incrível que ninguém fizera um experimento com Funes. O cérto é que vivemos postergando todo o postergável; talvez todos saibamos pronfundamente que somos imortais e que mais cedo ou mais tarde, todo homem fará todas as coisas e saberá tudo.
A voz de Funes, vinda da escuridão, seguia falando.
Disse-me que em 1886 havia elaborado um sistema original de numeração e que em muito poucos dias havia ultrapassado vinte e quatro mil. Não o havia escrito, porque o pensado uma só vez já não podia desvanecer-lhe. Seu primeiro estímulo, creio, foi o descontentamento de que os trinta e três uruguaios requeressem dois signos e três palavras, em lugar de uma só palavra e um só signo. Aplicou logo esse desparatado princípio aos outros números. Em lugar de sete mil e treze, dizia (por exemplo) Máximo Pérez; em lugar de sete mil e catorze, A Ferrovia; outros números eram Luis Melián Lafinur, Olivar, enxofre, os rústicos, a baleia, o gás, a caldeira, Napoleão, Agustín de Vedia. Em lugar de quinhentos, dizia nove. Cada palavra tinha um signo particular, uma espécie de marca; as últimas eram muito complicadas... Eu tratei de explicar-lhe que essa rapsódia de vozes desconexas era precisamente o contrário de um sistema de numeração. Eu lhe observei que dizer 365 era dizer três centenas, seis dezenas, cinco unidades; análise que não existe nos "números". O Negro Timoteo a manta de carne. Funes não me entendeu ou não quis me entender.
Locke, no século XVII, postulou (ou reprovou) um idioma impossível no qual cada coisa individual, cada pedra, cada pássaro e cada ramo tivesse um nome próprio; Funes projetou alguma vez um idioma análogo, mas o desejou por parecer-lhe demasiado geral, demasiado ambígüo. De fato, Funes não apenas recordava cada folha de cada árvore de cada monte, mas também cada uma das vezes que a havia percebido ou imaginado. Resolveu reduzir cada uma de suas jornadas pretéritas a umas setenta mil lembranças, que definiria logo por cifras. Dissuadiram-no duas considerações: a consciência de que a tarefa era interminável, a consciência de que era inútil. Pensou que na hora da morte não havia acabo ainda de classificar todas as lembranças da infância.
Os dois projetos que foi indicado (um vocabulário infinito para a série natural dos números, um inútil catálogo mental de todas as imagens da lembrança) são insensatos, mas revelam certa balbuciante grandeza. Nos deixam vislumbrar ou inferir o vertiginoso mundo de Funes. Este, não o esqueçamos, era quase incapaz de idéias gerais, platônicas. Não apenas lhe custava compreender que o símbolo genérico cão abarcava tantos indivíduos díspares de diversos tamanhos e diversa forma; perturbava-lhe que o cão das três e catorze (visto de perfil) tivesse o mesmo nome que o cão das três e quatro (visto de frente). Sua própria face no espelho, suas próprias mãos, surpreendiam-no cada vez. Comenta Swift que o imperador de Lilliput discernia o movimento do ponteiro dos minutos; Funes discernia continuamente os avanços tranqüilos da corrupção, das cáries, da fatiga. Notava os progressos da morte, da umidade. Era o solitário e lúcido espectador de um mundo multiforme, instantâneo e quase intolerantemente preciso. Babilônia, Londres e Nova York têm preenchido com feroz esplendor a imaginação dos homens; ninguém, em suas torres populosas ou em suas avenidas urgentes, sentira o calor e a pressão de uma realidade tão infatigável como a que dia e noite convergia sobre o infeliz Ireneo, em seu pobre subúrbio sulamericano. Era-llhe muito difícil dormir. Dormir é distrair-se do mundo; Funes, de costas na cama, na sombra, figurava a si mesmo cada rachadura e cada moldura das casas distintas que o redoavam. (Repito que o menos importante das suas lembranças era mais minucioso e mais vivo que nossa percepção de um gozo físico ou de um tormento físico). Em direção ao leste, em um trecho não pavimentado, havia casas novas, desconhecidas. Funes as imaginava negras, compactas, feitas de treva homogênea; nessa direção virava o rosto para dormir. Também era seu costume imaginar-se no fundo do rio, mexido e anulado pela corrente.
Havia aprendido sem esforço o inglês, o francês, o português, o latim. Suspeito, contudo, que não era muito capaz de pensar. Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes não havia senão detalhes, quase imediatos.
A receosa claridade da madrugada entrou pelo pátio de terra.
Então vi a face da voz que toda a noite havia falado. Ireneo tinha dezenove anos; havia nascido em 1868; pareceu-me tão monumental como o bronze, mais antigo que o Egito, anterior às profecias e às pirâmides. Pensei que cada uma das minhas palavras (que cada um dos meus gestos) perduraria em sua implacável memória; entorpeceu-me o temor de multiplicar trejeitos inúteis.
Ireneo Funes morreu em 1889, de uma congestão pulmonar.
De lá para cá, nunca mais me queixei de minha pobre memória...
Márcia

Além da varanda... Parabéns!!!
















“Se um dançarino desse saltos muito altos,

poderíamos admirá-lo.

Mas se ele tentasse dar a impressão de poder voar o riso seria seu merecido castigo,

mesmo se ele fosse capaz, na verdade, de saltar mais alto que qualquer outro dançarino.

Saltos são atos de seres essencialmente terrestres,

que respeitam a força da gravitacional da Terra,

pois o salto é algo momentâneo.

Mas o vôo nos faz lembrar os seres emancipados das condições telúricas,

um privilégio reservado para as criaturas aladas...”


Kiekegaard

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terça-feira, novembro 21

Dormindo na varanda...

Sonhar


Mais um sonho impossível


Lutar


Quando é fácil ceder


Vencer o inimigo invencível


Negar quando a regra é vender


Sofrer a tortura implacável


Romper a incabível prisão


Voar num limite improvável


Virar esse mundo


Cravar esse chão


Não me importa saber


Se é terrível demais

Quantas guerras terei que vencer


Por um pouco de paz


E amanhã, se esse chão que eu beijei


For meu leito e perdão


Vou saber que valeu delirar


E morrer de paixão


E assim, seja lá como for


Vai ter fim a infinita aflição


E o mundo vai ver uma flor


Brotar do impossível chão.
J. Darion - M. Leigh - Versão Chico Buarque e RuyGuerra/1972Para o musical para O Homem de La Mancha de RuyGuerra
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domingo, novembro 19

E estamos conversados...

Arnaldo Antunes


Eu não acho mais graça nenhuma nesse ruído constante

que fazem as falas das pessoas falando

cochichando e reclamando

o que eles querem mesmo é reclamar

Como uma risada na minha orelha

ou como uma abelha ou qualquer outra coisa pentelha

sobre as vidas alheias ou como elas são feias

ou como estão cheias de tanto esconderem segredos que todo mundo já sabe

ou se não sabe desconfia

Eu não vou mais ficar ouvindo distraído

eles falarem deles

e do que eles fariam se fosse com eles

e o que eles não fazem de jeito nenhum

como se interessasse a qualquer um

Eles são as pessoas todas todas as pessoas

fora os mudos

Se eles querem falar de mim, de nós, de nós dois

falem longe da minha janela, por favor, se for para falar do meu amor

Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador

campainha, telefone, secretária eletrônica eu não ouço nunca mais

pelo menos por enquanto

Quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o bico

E estamos conversados!

Imagem disponível em:

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sábado, novembro 18

Surpresa...

Marcelle,


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Aproveitei as suas 36 horas de plantão para dar uma "arrumadinha" na varanda...

Olha... foi uma correria... um sufoco... muita poeira e folhas secas do pé de jacarandá!
Mas... veja se vc gosta!?!??!?!?!
Enfim, parece que a coisa está tomando jeito!


www.eternamenina.weblogger.terra.com.br

Sobre lealdade...

Uma amiga querida, Adélia, tentou postar esta carta de intenções e desejos, e não conseguiu...

Então, aqui estou, como forma de singela gratidão pela lealdade que nos une!

Márcia


O convite


Não me importa o que você faz para sobreviver. Quero saber qual a sua dor e se você tem coragem de encontrar o que seu coração anseia.

Não me importa a sua idade. Quero saber se você se arriscaria parecer com um louco por amor, pelos seus sonhos, pela aventura de estar vivo.

Não me importa saber quais os planetas estão quadrando sua lua. Quero saber se você tocou o âmago de sua tristeza, se as traições da vida lhe ensinaram, ou se omitiu por medo de sofrer.
Quero saber se você consegue sentar-se com as dores, minhas ou suas, sem se mexer para esconde-las, diluí-las ou fixa-las. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se pode dançar com selvageria e deixar o êxtase preenche-lo até o limite sem lembrar de suas limitações de ser humano.

Não me importa se a estória que você me conta é verdadeira. Quero saber se você é capaz de desapontar o outro para ser verdadeiro para si mesmo, se pode suportar a acusação da traição e não trair sua própria alma.
Quero saber se você pode ser fiel e conseqüentemente fidedigno. Quero saber se você pode enxergar a beleza mesmo que não sejam bonitos todos os dias, e se pode perceber na sua vida a presença de DEUS. Quero saber se você pode viver com as falhas, suas e minhas, e ainda estar de pé na beira do lago e gritar para o prateado da lua cheia... "Sim"!

Não me importa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de pesar e desespero, exausto, e fazer o que tem de fazer para as crianças.

Não me importa saber quem você é, ou como veio parar aqui. Quero saber se você estará ao meu lado no centro do fogo sem recuar.

Não me importa saber onde, o que, ou com quem você estudou. Quero saber o que sustenta o seu interior quando todo o resto desaba.

Quero saber se você pode estar só consigo mesmo e se verdadeiramente gosta da companhia que carrega em seus momentos vazios.

Feliz caminhada...

Desejamos que encontrem a coragem e sabedoria para serem verdadeiros consigo mesmo.
Obrigada por permitir-nos partilhar um presente.

(Oriah Mountain Dreamer)
A autora canadense recebe esse nome dos indígenas ...