sábado, abril 11

Ode a noite!



Porque o mistério da vida está em acordar e ver O SOL PREGUIÇOSO DA MANHÃ. Os raios meio que de lado, fingindo que estão dormindo, esperando eu acordar. O SOL, doido pra me ver e mais: para ser percebido!

Ontem me aborrecera porque ele se foi e tem que ir sempre, mesmo quando me abro e o sinto dentro de mim... Mas aí ele volta mesmo quando estou aborrecida com esta ida e volta descabida; com este ensaio repetitivo das ondas que não vão a lugar nenhum; com esta roda nada humorística, que me cansa e afasta da paz que procuro.

Aí descobri que não adiantava mais pedir pra ele ficar mesmo quando eu mais queria, só mais um pouquinho... Porque sempre me contentara assim em não sendo digna de "controlar" um astro tanto tempo...

A partir de então passei a me despedir quando a tarde caía, já com saudade... Sabia que seria em vão, mesmo que eu implorasse, prendesse alguns raios num potinho de ouro ou coisa parecida.

Aprendi que não importa o tamanho da minha dor, o adeus é necessário mesmo que amanhã eu não esteja neste mundo pra ver o mesmo sol, já nascido, me encantar preguiçoso... Não sei se meus olhos leriam esta beleza, se minhas pernas me conduziriam a encontrá-lo lá fora, se minha pele de tão branca se recordaria do ruborizar-se desmedido, bronzeante - diria.

Mas em dias tristes, minha sorte é que anoitece. Não pela crença de que estarei feliz como ontem no novo nascer do sol, mas pelas sensações de passagem e desistência, tão necessárias, tão saudáveis e íntimas.

Por hora apenas me pergunto por que o sol tinha que ser AMARELO!?! A única palavra em inglês que rima com sua tradução na nossa língua, e que despediu-se a tempo dos meus poemas, porque as línguas não se combinavam...

- É que a leitura era outra.

Marcelle.

Imagem: inoutyou.blogs.sapo.pt/70256.html
Porque " Os encontros e desencontros são a luz que nos permite avançar passo a passo, são vida em cada dia que passa.
Retirado do mesmo blog in out you.

sexta-feira, abril 10

Meu estilo



" Ensinar pelo exemplo não é a melhor forma de ensinar, mas a única."
Lino Barbosa.




sexta-feira, abril 3

Arte na Varanda...


Primeiro, a idéia. Embutida ou explícita, não se sabe. Mas ela incomoda se conservada. Quer sair e romper as barreiras entre o haver e o existir. Emana por tantas células empenhadas em expulsá-las, por pulsos fortes, mãos delicadas e então: a PALAVRA. Naquele vazio do papel cheio de traços... Pronto; nasceu.

Depois, a história. A narrativa crua de infindas interpretações. Não cabe na disposição cardinal as dimensões deste texto. As nuances escondidas aguçam minha curiosidade. Desculpem, mas peço silêncio. Não adianta falar nada. Deixa entrar ao que se assiste. Só desnudem-se antes. Desvirginem-se lá. Sem julgamentos; sem defesas.

A invasão permitida consiste na consciência brutal de que somos compostos das mesmas células do brilhante autor, sob as perspectivas da exímia diretora, atrás das inusitadas intenções dos três atores e ponto. Porque de quantos Luís Antônios somos vítimas e acusados? Quantas Lavínias interceptam nossas atitudes? Quantas melodias deixamos chorar ao fundo ou regar nossas trilhas nem sempre sonoras? Desculpem-me, mas de quantos Luíses é feito o Antônio e quantos Antônios aparecem no Luís nos momentos cruciais do digno diálogo? Códigos... desconcertantes sem respostas... Irmãos.

Mistério, destreza, realidade, moral, ciúme, covardia. Estão invocados os incômodos que nos rondam e repito: deixem entrar pra calar, pra rasgar, pra doer. Cada detalhe e um espetáculo diferente... Cada diferença que um arrepio flagra a pele e convida uma lágrima a sair pra ceder mais espaço. Tanta sutileza contida quanto brutalidade declarada ali, diante de mim, na arte de fazer existir uma única idéia. Que se multiplica do papel aos primeiros leitores (elenco) e se re-inventa ao bel prazer nos expectadores que souberem absorver-se. Digo isto porque o ônus da prova consta do sucesso na ausência de aplausos, que pela primeira vez cede sim ao silêncio dos que renderam-se. Digo isto porque o ônus da dúvida consta pela arena exposta, pela platéia escassa, pelo cenário simples, pelo café não servido, pela luz fraca, todos cedentes à nobreza da criação.

Fico imaginando quantas surpresas eu ainda teria. Em quantas faces Gustavo, Eduardo e Bruno se desdobrariam pra me conduzir ao delírio de vê-los me esclarecer a verdade. Em que momento eu – de tanto perseguir suas respirações ou a ausência delas - desvendaria o real mistério inicialmente imaginado; ou me decepcionaria por descobri-lo nunca o feito. Fico pensando o que nos faz vendermo-nos por um sonho (fuga) ou arrependermo-nos por uma eternidade (volta) entre as duas faces, nossas.

E entre artistas que entram em mim com suas idéias, interajo com as minhas em mutação constante, porque pra idéias não dependemos de códigos... genéticos. Mas da percepção das células - estas sim irmãs - pulsando ali, junto, vibrando, como que querendo invadir a cena, beijar o palco molhado de suor, lamber as palavras daquela forma ditas, acariciar a melodia que por si grita; perdoar-me por tudo que não foi feito de fato.Porque emocionar é mais que toque, som, imagem e choro. É entrar em alguém em silêncio e permanecer, inovando a cada virada em que se imaginava já estar pleno. E recriar, desvendar, enlouquecer... Aplauso é retribuição indigna. Já que entraram, peguem o que de fato é de valor: NOSSO SILÊNCIO.

Quantos Luís Antônios? Espero continuar contando, ainda que sozinha, e espero que entendam...

Atenciosamente, Marcelle Araujo!






Pronto! Voltei a escrever porque voltei a me emocionar... Senão pelos dias cheios de Luz que Deus tem me concebido, pelo amor ao meu trabalho que ainda existe quando não me repele em exaustão, pela natureza quase morta de sensibilidade aflorada nas pequenas atitudes, mas pela ARTE!
Das minhas doídas despedidas, eu sempre volto quando me invocam... E este grupo me invocou esta semana a escrever. Senão pela tristeza da ausência de tudo isto me remete, senão pela natureza sentida ali junto, senão por querer voltar no tempo e me tornar parte de certa forma... ESCREVI.
E escrevendo retomo esta varanda abandonada apenas para dizer que a felicidade existe se soubermos ter olhos para lê-la ao nosso lado, na semelhança que procuramos, na harmonia dos olhares e mais nada!!!
Às minhas amigas Márcia e Juliana, muito obrigada por respeitarem mais este tempo meu! Estou aqui onde sempre estive, com mais saudades do que nunca!
Marcelle.










"Chorávamos Terra Ontem à Noite".
Texto: Eduardo Ruiz
Direção: Lavínia Pannunzio
Fotos: Lenise Pinheiro