quinta-feira, fevereiro 16

EU E O TEMPO


(saudade de você, vó...)
Em essência que era,
Era o barro
Em vida que explodia,
Era a farsa.
Em saúde que exauria,
era tarde;
Em desejo que descia,
Era a vida.
Em cimento que cedia,
Era a raiva.
Movimento que doía,
Era parte
De nós que se fundia,
Era tarde;
E partida de te ver
Que ardia.
Era carvão, era inverno
Na cidade.
Era show, era mistério,
Poesia!
Era sol, era nada,
Era metade.
Era som, era mar,
Melodia...
Era...
Nasceu...
Eternidade...
Profecia!
Marcelle Sá - fevereiro 2012
EU E O TEMPO
"Eu na trilha incerta dos meus passos,
Mergulhado no destino imenso dos meus sonhos,
Vou percorrendo as estradas do mundo deitando
a toalha branca sobre os altares da humanidade,
E retirando do horizonte profundo da vida,
A matéria prima que será sacralizada,
Ele, o tempo e os seus movimento de suas cirandas,
Vida que se reveste de cores e estações litúrgicas,
Que nos convidam a celebrar o específico de cada motivo,
Tempo de preparo, de colheita, vida comum,
Sopro do espírito, templo de ressuscitar,
Eu Sacerdote das divinas causas,
Ele Sacerdote das humanas razões,
Quando com ele não posso, faço acordo,
Sorrio com os motivos de suas alegrias,
E poetizo as tristezas,
Que de suas mãos se desprendem,
Mas quando com ele posso,
Ah, quando com ele posso,
Eu dele me esqueço,
E VIVO!"
Padre Fábio de Mello

quinta-feira, fevereiro 2

Passei pelo destino pela porta daqui,
Caí de dentro de um sonho,
Pulei do ciclo medonho,
escorreguei e fugi...

Passei pelo desvio da estrada estranha,
Pulei os trilhos do trem,
Caí pelos becos do além,
Driblei e desisti.

Passei pelo plantio dos meus canaviais,
Torci-me entre os males do tempo,
Enxuguei-me entre lágrimas e contento,
Me molhei, quis tossir.

Mas nunca voltar!


De volta a varanda, trouxe a brisa do Ibirapuera. Era cedo, ou tarde, não dormi direito, mas me embrenhei e conheci caminhos novos - amiga de grande porte me guiava...
Já havia decidido voltar e não sabia por onde começar. Faltava uma senha, um sopro, uma imagem, um anjo talvez...
Tenho muito a dividir aqui. Trata-se de uma nova passagem, do mesmo lugar que vos fala, da mesma garganta engasgada precisando urrar ao mundo - agora de dedos trêmulos por não saber mais escrever direito, como vêem. Mas o mico está na cabeça de quem se sente nele - ouvi ainda hoje. Melhor não ter medo de arriscar. Os dedos assim como as pernas, os braços, o abdome... podem treinar-se novamente a abafar o cérebro (?) agora mais cansado e o coração pleno que moldei.
Sim, estou viva!
Aos antigos leitores da varanda, poesia só para correr riscos de suas críticas... Mas tenho um monte de verdades a seres ditas entrellinhas de entre as linhas de meu rosto. Sim, envelheci. Mas não totalmente. Talvez o que eu proponha seja ser lida por olhos também mais amadurecidos e isto talvez (torço para que não) requeira menos beleza. Estou aqui para desafiar o tempo e talvez provar que há para trabalhar a beleza com o mesmo tempo em que e com que ela (a beleza) se foi... Não exijam menos... Torçam apenas.
Agora, depois daquele tiro no canhão na torcida; depois de tantos lamentos e poemas lindos de tristeza, numa fase bem mais calma, serena, diria com todas as letras - f e l i z de minha vida, vou narrar os bastidores do meu sucesso (para alguns) e de meu fracasso (para tantos outros). Mas vou esgotar os bastidores porque aprendi em casa - esta ou aquela - que isto faz muita diferença.
Diferente estou, inteira, sobrevivente de guerra, diria que endorfinada pela vida...
Diário? Não. Apenas os dados que bem dirigidos trouxeram as cenas mais belas e... se antes eu escrevia triste o que era lindo, talvez agora eu digite certeira o que me faz feliz até porque o certo sai mesmo por linhas tortas... Mas sai. Para nunca mais voltar...

Marcelle Sá - 02/02/2012.