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Este ano ainda me brinda! E me vem à lembrança muitas peripécias... Devo agradecer muito aos que me acompanharam e aos que me perseguem... Refletindo dentre trabalhos, baladas e instintos (refiro-me aqui ao ímpeto de escrever sempre, em qualquer lugar), coloquei na data de hoje o prazer e a solidão de escrever-me, mais uma vez... Confesso que já sem a pretenção de ser ou não lida - porque isto nem me basta e deverá doer de alguma forma - rondo entre os temas saudade e corda bamba...
Olhei pra trás ou pra mim dia desses e perguntei-me: e aí? - Aí que agora estou aqui! História nova, perseguidores diferentes, ritos sagrados de cúpula e a memória de uma abstinência ímpar! Por vezes conto-me a história que diferencia homem de lagarto, numa espécie superiorana em que distinguimo-nos em sacrificarmo-nos em prol de alguma fagulha de satisfação... Nesta de sacrifício deixamos o humano de lado (animal que somos) e entramos numa de abstermo-nos de sono, comidas, tragos, romances, bebidas, pessoas queridas (deuses que tentamos ser) e dedicamo-nos a ideais não instintivos de "prazer" iminente... Buscamo-nos destacarmo-nos entre milhões (homens que somos)...
Dois mil e sete devolveu-me muito dessas "satisfações"... Alimento-me ainda dos frutos desta árvore que plantei desde os tempo de menina... - relançando cada passo, refazendo meus horizontes - bem sei...
Este texto é pra sacramentar os rituais de enterro aos quais me dispus insanamente e felizmente... Mas ao findar, lamento declarar o vazio, ainda! - Lamento deixar na estrada a essência desta vida...
Em não sendo lagarto, apenas abstive-me... Mas continuo respirando, comendo, vivendo cada dia como se o outro fosse certo pra continuar o que deixei de fazer e ao invés de diferenciar-me. E na verdade sou mais uma na trágica e dilacerante fábula de diferenciar-me... Porque não é certo comer demais, fumar cigarros, insistir em relacionamentos antigos (e falidos), embriagar-me, dançar à noite, pegar chuva, faltar aula, viajar quando todo mundo está estudando, comprar uma roupa nova quando se ganha mal, ouvir música, ler romances tolos, atender a um telefonema desejado (mesmo que insano), assistir a um filme minutos antes do plantão, ceder e ceder... Tudo isto - dizem - faz mal... Não é o que esperam ou espero de mim - aprendi!
Mas quando não havia mais nada, havia alguém e alguma coisa, que assim me foi tirado... Que matei em mim... Adestrei-me por qualidade de vida, por longevidade, por saúde, pelo que é "certo" e nem me dei conta de que definitivamente não sei quando deixarei de respirar... Se terá valido a pena... Mas abstenho-me... Mais uma vez... Quero saber se a satisfação me completará como agora... (rsrsrs). Mas adapto-me. Recrio histórias pra me contar antes de dormir... Certa de que pelo menos, tenho do que saudar e abstendo-me destas lembranças, revigoro-me. Certa de que mais fácil seria não ter do que abster-me, e mais triste também... Porque dessas histórias me fartarei se um dia puder contá-las aos meus netos...; se eu me policiar até chegar lá respirando...
Porque a vida é bem mais do que viver para os outros e sentir saudades é reviver o que passou (sim, e daí?)... E que eu sinta saudade sempre dos que sentem de alguma forma saudade de mim por mais um ano... E que sejam tecidos bordados lindos assim inertes nas abstinências a que me propuser e que eu concordar, porque viver é bem mais que respirar e diferenciar-me... Viver tem sido ser igual, vencendo meus próprios limites, os limites humanos e mesmo os limites dos deuses... Num eterno vigiar-me pra não sofrer, pra não desmoronar, pra não adoecer, pra não ceder aos instintos que definitivamente foram herdados dos deuses aos seres que não sabem usar...
Porque assim SOMOS!
Marcelle (dez/2007)
Temos um arco-íris de possibilidades:
http://adlizjamile.blogspot.com/2007/09/botes-de-massinha.html
EM 2008, SEJA FELIZ!
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