VIDA
Chico Buarque
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia mais doce da vida
Na mesa dos homens, de vida vazia
Mas, vida, ali, quem sabe, eu fui feliz
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Verti minha vida nos cantos, na pia
Na casa dos homens de vida vadia
Mas, vida, ali, quem sabe, eu fui feliz
Luz, quero luz
Sei que além das cortinas são palcos azuis
E infinitas cortinas com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa,
Pulsa, pulsa mais
Mais, quero mais
Nem que todos os barcos recolham ao cais
Que os faróis da costeira me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe,
Longe, leva mais
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Toquei na ferida, nos nervos, nos fios
Nos olhos dos homens de olhos sombrios
Mas, vida, ali, eu sei que fui feliz
Luz, quero luz
Sei que além das cortinas são palcos azuis
E infinitas cortinas com palcos atrás
Arranca, vida
Estufa, veia
E pulsa, pulsa, pulsa,
Pulsa, pulsa mais
Mais, quero mais
Nem que todos os barcos recolham ao cais
Que os faróis da costeira me lancem sinais
Arranca, vida
Estufa, vela
Me leva, leva longe,
Longe, leva mais
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz...
A foto desta postagem foi tirada por mim, Marcia. Era véspera do Natal de 2007, na BR101, quando fiquei sabendo que esta árvore tratava-se de uma sobrevivente solitária da Mata Atlântica no Espírito Santo. Só isto me já me chamou atenção! Quando soube que os moradores dos arredores construíram um protetor para ela, pois estava sobrecarregada dos transeuntes inscrevendo seus nomes, certamente flechados em um coração que machuca também o belo cedro.
Achei tudo isto muito rico em simbologia:
uma espécie rara,
à beira da estrada,
entre tantas matas de eucalipto,
solitária entre tantas iguais árvores.
Sendo assim, passou a ser própria para humanos,
nem tão enraizados,
mas igualmente sós,
entre tantos iguais,
mas de passagem,
incrustrando no cedro sua identidade,
o seu desejo de felicidade,
ou até mesmo a sua dor.
Tudo isto, levantou o cuidado dos mais prudentes e enraizados,
atentos à sóbria e imponete sabedoria do cedro.
Deu vontade de aprender as lições... tirei a foto, e segui viagem!