quinta-feira, abril 10

Preparando a reforma


VIDA

Chico Buarque


Vida, minha vida

Olha o que é que eu fiz

Deixei a fatia mais doce da vida

Na mesa dos homens, de vida vazia

Mas, vida, ali, quem sabe, eu fui feliz

Vida, minha vida

Olha o que é que eu fiz

Verti minha vida nos cantos, na pia

Na casa dos homens de vida vadia

Mas, vida, ali, quem sabe, eu fui feliz

Luz, quero luz

Sei que além das cortinas são palcos azuis

E infinitas cortinas com palcos atrás

Arranca, vida

Estufa, veia

E pulsa, pulsa, pulsa,

Pulsa, pulsa mais

Mais, quero mais

Nem que todos os barcos recolham ao cais

Que os faróis da costeira me lancem sinais

Arranca, vida

Estufa, vela

Me leva, leva longe,

Longe, leva mais

Vida, minha vida

Olha o que é que eu fiz

Toquei na ferida, nos nervos, nos fios

Nos olhos dos homens de olhos sombrios

Mas, vida, ali, eu sei que fui feliz

Luz, quero luz

Sei que além das cortinas são palcos azuis

E infinitas cortinas com palcos atrás

Arranca, vida

Estufa, veia

E pulsa, pulsa, pulsa,

Pulsa, pulsa mais

Mais, quero mais

Nem que todos os barcos recolham ao cais

Que os faróis da costeira me lancem sinais

Arranca, vida

Estufa, vela

Me leva, leva longe,

Longe, leva mais

Vida, minha vida

Olha o que é que eu fiz...
A foto desta postagem foi tirada por mim, Marcia. Era véspera do Natal de 2007, na BR101, quando fiquei sabendo que esta árvore tratava-se de uma sobrevivente solitária da Mata Atlântica no Espírito Santo. Só isto me já me chamou atenção! Quando soube que os moradores dos arredores construíram um protetor para ela, pois estava sobrecarregada dos transeuntes inscrevendo seus nomes, certamente flechados em um coração que machuca também o belo cedro.
Achei tudo isto muito rico em simbologia:
uma espécie rara,
à beira da estrada,
entre tantas matas de eucalipto,
solitária entre tantas iguais árvores.
Sendo assim, passou a ser própria para humanos,
nem tão enraizados,
mas igualmente sós,
entre tantos iguais,
mas de passagem,
incrustrando no cedro sua identidade,
o seu desejo de felicidade,
ou até mesmo a sua dor.
Tudo isto, levantou o cuidado dos mais prudentes e enraizados,
atentos à sóbria e imponete sabedoria do cedro.
Deu vontade de aprender as lições... tirei a foto, e segui viagem!

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