terça-feira, julho 29

Re-entitulando: "A Vida da Atriz"

Após seis meses de abstinência, finalmente me rendo aos prazeres da frequência cardíaca elevadíssima, do suor escorrendo, dos músculos tensos, da fronte rígida, da água escassa, das endorfinas... De volta aos movimentos e à vida, se me permitem filosofar, ("porque só o que é morto tá parado") reencantei-me, ali na academia, com aquela música que me remete aos meus tempos de teatro em que, sim, me sentia humildemente "atriz" por alguns segundos... Aos mistérios que havia naqueles tempos e à magia que se segue, só cabe hoje, na varanda, essa música e mais nada...


Olha,
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura?
O rosto da atriz...
Se ela dança no sétimo céu,
Se ela acredita que é outro país,
E se ela só decora o seu papel?
- E se eu pudesse entrar na sua vida?

Olha,
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário?
A casa da atriz...
Se ela mora num arranha-céu,
E se as paredes são feitas de giz,
E se ela chora num quarto de hotel?
- E se eu pudesse entrar na sua vida?


Sim, me leva pra sempre, Beatriz,
Me ensina a não andar com os pés no chão,
Para sempre é sempre por um triz...
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão?
Diz se é perigoso a gente ser feliz?


Olha!
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina?
A VIDA DA ATRIZ...
Se ela um dia despencar do céu?
E se os pagantes exigirem bis?
E se o arcanjo passar o chapéu?
- E se eu pudesse entrar na sua vida...?

- Perfeita! Obrigada Chico!

Chico Buarque de Holanda

Recomendo na voz de Ana Carolina

Imagem retirada da galeria de fotos do site "Vagalume".

Postagem de Marcelle Araujo.




quarta-feira, julho 23

segunda-feira, julho 21

Transeuntes no tempo





















Eu, colecionadora nata de almas, divago hoje entre o haver e o sentir... Vinha entornando-me de esperas, ultrapassando próprias expectativas e recolhendo as prendas que nem julgava merecer. Até aqui!

Entre a tarefa árdua diante da conquista mútua e da saída brusca e sábia da vida dos que não me "pertencem", fico com a melhor e pior partes... E bem sei eu dos preços a que me submeto custear das almas, as emoções... E custeio porque jogar é para os bem pobres (de espírito); porque fingir é dos indignos do que comem; porque amaldiçoar é simplesmente impróprio!!! Porque seu sorriso é que foi minha alienação...

Sim! Enlouqueci... Desde o início! E quem disse que não é no mundo dos loucos que se encontra a paz? Onde ditaram as condutas - receitas inúteis de cápsulas prontas - para sermos de fato felizes? Quem disse que tem que ser pra sempre, se o sempre escapa-me na medida certa? E se volta SEMPRE enquanto eu puder lembrar? (E sorrir?)

Não. Não precisa assinatura! Nem promessa... Aliás, esta última é a maior praga da humanidade e experimentei ser divina por uns dias... E mais: tive o retorno inesperado à leitura de minhas linhas escritas, de minhas linhas contadas, de minhas linhas desnudas. Porque em seus olhos li a verdade que não tenho visto mais. Em seus movimentos tive a criança que procuro em mim; o lúdico de que me despedi quando a minha graça se foi. Aí descobri que deixei de recolher prendas porque me deram de beber o sumo e de comer a nata, me fazendo saborear aos poucos até entorpecer-me da alma que tanto procurava.

Seu adeus não é de morte - para o qual me vendi há 10 anos. (E que sorte!!!). Sua partida não é de passagem se há tanto que ficou aqui... Nem sei se sua ida tem volta! Mas pertenceremo-nos para sempre (cabendo aqui o bom uso desta palavra) na história que ficou sem fim e nada pode mudar esta doce realidade! Porque fomos INTEIROS somando versões, multiplicando os segundos, surpreendendo o ininterpretável diante nossos próprios olhos! (E os de tantos quantos puderam nos alcançar...).

O limiar da dor segue apenas na saudade que de temida e companheira só me ensina a amar melhor o que deixo livre como sou...

Assim seja!
Marcelle.

Imagens: guardiadesonhos.spaces.live.com
petalas.blogs.sapo.pt

Muito obrigada...

"Quanta verdade você suporta?
Às vezes penso que sou a pessoa mais solitária do mundo. A minha solidão não depende da presença ou ausência de pessoas, pelo contrário, odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia!"
(Nietzsche)


nelsonjunior.files.wordpress.com/2008/04/casa...

Partida

Ainda que os ventos nos mudem a direção,
A clareza e a verdade nos acompanham,
Pois nenhum vento sabe fugir da Luz,
E sempre se acalmam quando sentidos como
Manto Divino tocando as almas.
Marcelle

A música da Varanda...




Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão



Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá



Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real



Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá




Vem andar e voa

Vem andar e voa

Vem andar e voa




Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão



Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for


(Varanda dos fundos)




Vilarejo - Marisa Monte

www.esec-emidio-navarro-alm.rcts.pt/dramas_pe...

sexta-feira, julho 18

A seta e o alvo...


Eu falo de amor à vida,


Você de medo da morte.


Eu falo da força do acaso


E você de azar ou sorte.


Eu ando num labirinto


E você numa estrada em linha reta.


Te chamo pra festa,


Mas você só quer atingir sua meta.


Sua meta é a seta no alvo,


Mas o alvo, na certa, não te espera.


Eu olho pro infinito


E você de óculos escuros.


Eu digo: "Te amo!"


E você só acredita quando eu juro.



Eu lanço minha alma no espaço,


Você pisa os pés na terra.


Eu experimento o futuro


E você só lamenta não ser o que era.



E o que era?


Era a seta no alvo,


Mas o alvo, na certa, não te espera.



Eu grito por liberdade,


Você deixa a porta se fechar.



Eu quero saber a verdade


E você se preocupa em não se machucar.


Eu corro todos os riscos,


Você diz que não tem mais vontade.


Eu me ofereço inteiro


E você se satisfaz com metade.


É a meta de uma seta no alvo,


Mas o alvo, na certa não te espera!


Então me diz qual é a graça


De já saber o fim da estrada,


Quando se parte rumo ao nada?


Sempre a meta de uma seta no alvo,


Mas o alvo, na certa, não te espera.


Então me diz qual é a graça


De já saber o fim da estrada,


Quando se parte rumo ao nada?


Composição: Paulinho Moska e Nilo Romero

Imagem: farm4.static.flickr.com

segunda-feira, julho 14

Depois


Depois da chuva, o sol


Depois do um, o dois


Depois do outono, a primavera


Depois da árvore, a semente


Depois da galinha, o ovo


Depois do mar, o continente


Depois do vento, a calmaria


Depois da saudade, o encontro


Depois do dia, o momento esperado nesta varanda, a NOITE.