quarta-feira, outubro 15

A sorte está lançada...


O raio não cai duas vezes no mesmo lugar...
Nem dois milagres na mesma história...
Mas aqui vamos nós,
Na luta de cada segundo...
No desafio de cada incerteza...
Recriando as forças, apenas...
Não importando resultados...
O tiro de canhão na platéia foi dado,
Cheguei até aqui!
Mas minha persistência é apesar das críticas e dos julgamentos...
eu sei de minha verdade!
Não me defenderei...
- Perderei com a cabeça no lugar dela!
Muito obrigada!




Em meios a tantos “desastres” – meu último “talento” adquirido segundo “amigos” próximos – encontro-me exausta!
Talvez pelos tragos excedidos nestes últimos três meses – sem “goles” de cerveja associados – sinto-me quase que em insuficiência respiratória chegando ao final do segundo tempo.

Estou perdendo. Eu, e provavelmente todos que me amam vão perdendo comigo, porque não há segundo tempo em jogo solitário, só em coletivo. Tênis não tem tempo pra acabar; perde-se pela circunstância... Eu, vendo o cronômetro correndo, infelizmente sei que só depende de mim, mesmo que faltem força, ânimo, coragem, e que falte ar! Misturam-se a possibilidade da perda para as circunstâncias e o peso de não perder sozinha, numa inefável maratona em que o tempo conta e me trai! Não posso contar com ele... Queria era reinventar esta partida apelando do que julgo inédito para as evidências.

No meu velho e bom basquete éramos cinco; cinco recriando juntos as circunstâncias, nos ajudando, nos encorajando, levando por vezes à derrota alguns desconhecidos do banco e o coitado do treinador que não tinha tanta culpa assim... Sim, perdíamos juntos, por “nossa” culpa, e muitas vezes para o tal cronômetro que nos roubava a chance do “quem sabe se”...; do “de repente se”. E também vibrávamos juntos, abraçávamo-nos como se pudéssemos ocupar o mesmo lugar no espaço e não nos coubéssemos mutuamente...
Hoje é que aprecio mais os jogadores de vôlei! Jogo justo! Elitizado, diria... Reuniu circunstância, coletividade e desprezou o tal cronômetro...
Mas, como nunca quis mesmo ser “um vencedor” descubro-me não mais atleta, imposta à um jogo de tênis e com cronômetro!!! Na arquibancada? Qualquer um de plantão a rir-se do desastre próximo; apostando da minha sobrevivência à minha humilhação.

No banco: os que também amo e aos quais ao menos eu devia devolver a vitória porque cada um quer dividir do jeito que pode algum lugar comum no espaço que ocupo – independente de abraços! Nas mãos: alguns destinos, um maço, um copo de coca light, a bola e uma imagem de Nossa Senhora. À minha frente nada mais que um ponto de interrogação!

Depende das circunstâncias e que não parem o cronômetro porque ainda não terminei... Sou mais que força, ânimo, mais que coragem, sono e ar. Talvez não tenha a oportunidade de terminar no tempo certo, mas vou tentar, mesmo que eu “termine” após o fim devidamente cumprido...
- Assim perderei, ou não, com a cabeça no lugar dela e não abaixo! Porque desastre é estar na arquibancada, de mãos atadas, torcendo contra como em rinha de galo... Não sou gladiador, nem sou galo...

Hoje é que aprecio mais os cavalos! Animal justo! Diria, elitizado... Corre contra o tempo e contra o vizinho mas não lhes põe os pés na frente... Aceita as circunstâncias... Mas sobre o mundo animal converso outro dia. Senão os leões me devoram e sou jogada em restos aos porcos. Agora tenho pressa. Preciso terminar antes do cronômetro; enquanto houver ar, empurrar para prorrogação...

Aos do banco:
- Não perdi ainda não! Segurem a medalhinha, tragam mais água, um isqueiro e um lençol. Lençol para vendar meus olhos se por acaso eu fizer um ace (como aquela velha cesta de três no último minuto) e isto for um tiro de canhão na arquibancada. Preciso vê-los arrasados não!!!

- Quero só continuar e espero que entendam!
Desta vez, o lençol é de mar. Mar de paz! Simplesmente de entrega assim como parto com, e fico com o Mar...




Postado por mim - Marcelle - em 28/11/2006 e 15/11/2008
Imagem: Lençol de mar
Retirada de: fantasy.flogbrasil.terra.com.br

segunda-feira, outubro 13

Equívocos (1)



Há muito ando pensando sobre os equívocos da racionalidade ilustrada!

Não se trata de um pensar distante do corpo. Ao contrário, um processo que a carne sente, reclama por encontrar um lugar neste mundo.

Sem dúvidas, trata-se de um pensar de difícil comunhão com os outros, razão pela qual, exorcizo neste perdido lugar, num mundo de precária realidade: o blog.

Depois da quarentena, pareceu-me insustentável a reprodução de jargões que saúdam a vida e a existência. O pior deles é o desejo de sucesso!

Então, aqui estou no devaneio de pensar o sucesso como um grande equívoco da sociedade moderna. Vou por meio de tópicos:
  1. Sobre suas possibilidades - Trata-se da consagração do indivíduo. O indivíduo moderno só o é se bem sucedido. Sim, pois longe da idéia de sucesso, frequentemente, este ser é tido como fracassado, sem identidade, sem legitimidade. Equipes bem sucedidas, existem! Mas, além de raras, quando acontecem, o destaque é para o chefe, seja este “Bernardinho” ou “Giba”, o mentor, ou o operacionalizador do sucesso. Pessoas, numa carreira “solo”, tem-se a expectativa, que sejam tão, ou melhor, do que na equipe. O sucesso é o coroamento do diferencial, exatamente o que nos torna indivíduos, nos tira do anonimato, e projeta no nome do “tal”, como “o cara”. O indivíduo que se entende pós-moderno, também vive os paradoxos desta busca, posto que esta coloca-se sem qualquer referência de valores ontológicos que a limitem.
  2. Sobre sua promessa – a busca pelo sucesso é permanentemente busca, nunca o sucesso alcançado. Sucesso para ser mantido, há de ser sempre busca, pois o repouso da realização, da satisfação do dever cumprido, compromete o próprio conteúdo do sucesso (se é que não se trata em verdade da busca do nada). Daí por que sucesso e realização nunca se encontrem. O alcance do sucesso é sempre a própria necessidade de colocá-lo num patamar superior.

  3. Ética - do ponto de vista ético, o sucesso, ou sua busca, tem produzido indivíduos ávidos e capazes de apenas auto-reconhecimento. Paira sobre o ambicioso por sucesso a crença, ou pelo menos o marketing, de se ver sempre superior aos outros, o que em tese justifica a projeção do bem sucedido. Estes narcisos esquizofrênicos pelo “topo”, ou por ser “top”, não fazem outra coisa de suas vidas a não ser esta luta louca para estar acima de. Tal luta leva a uma total negação das relações inter-pessoais. São pessoas solitárias, cuja manutenção da relação no tempo só confirma o quem é por mim, ou o quem é contra mim. A busca do sucesso tem feito pessoas excessivamente egocentradas e incapazes de partilhar seu melhor com quem quer que seja. São verdadeiros monstros marcados pela hipertrofia do próprio umbigo, cujo reconhecimento do “outro” só tem sentido se for degrau para a ascensão própria.

  4. Sobre o fracasso – a busca insana pelo sucesso leva a negação do fracasso se estender ao erro. É estranha a necessidade de virar páginas, quando o erro poderia ser reciclado. Erros, que todos são passíveis de cometer, são loucamente escondidos pelos que ambicionam o sucesso. Nele, no erro, não se pode tocar, nem que para isto um mundo de delírio, de pura marketagem, seja construído para desviar os holofotes imaginários do candidato ao podium. Neste caso, a luz-holofote, ao invés de clarear, cega e só deixa enxergar a partir da narrativa do canto da sereia.

Na mitologia cristã, há um momento de pura criatividade narrativa para explicar a ordem do mundo. Falo do momento que Eva oferece a maçã a Adão, e este, fisgado, mergulha no pecado original. Há muito já se sabe que o mito, qualquer um, inclusive do pecado original, é uma narrativa, cheia de alegorias,que admite diferentes conteúdos às imagens postas, para cada cultura que a perpetue.

No caso do mito do paraíso, ao longo da Idade Média, a maçã assumiu o conteúdo da luxúria, da escuta aos desejos da sexualidade. A maçã incorporou a idéia do sexo, cujo controle correspondia a submissão das mentes àquele modelo de sociedade teocêntrica.

No séc. XIX, a maçã ganhou outro conteúdo, o de conhecimento... “comerás, e sereis como deuses”. O conhecimento científico, naquela sociedade de pleno elogio a potência humana pela ciência, passou a substituir a luxúria como forma de controle nas relações sociais.

Hoje, penso que este mesmo mito já admite outras variações. A maçã pode ser entendida como o SUCESSO, só que neste caso, a relação entre Adão, Eva e a Serpente há de ser reescrita, pois quando chegar a hora destas figuras serem expulsas do paraíso, por terem, sugerido, tocado e mordido a maçã, sequer o companhia e o calor de umas por outras há de haver.

Márcia

sexta-feira, outubro 10

Quando volto

Existe um lugar... onde seleciono o que respiro. Em que diversifico as sensações da alma, vario rápido de lugar sem precisar de avião, sem contar com relógios me vigiando... Viajo pra lá de vez enquando... Não me resta muito tempo pra ir buscar lá as forças que me restauram... Meu tempo me empurra a dormir quando os ponteiros me permitem... Ponteiros apressados deste mundo injusto, desta verdade crua, desta distância cruel de tudo que vivi e guardo!
Às vezes me decido a voltar lá... Me custa mais que passagem, mais que dinheiro, mais que estrada... Insisto a me humilhar indo lá... Já que aqui é tão impossível mudar. Não, não posso mudar lá também! É imutável, mas resgato o que quero a hora que posso! Ninguém decide por mim... Escolho a sós. Busco sozinha. Encontro paz!
Porque não só de dor se esvai minha ida... Mas de uma fuga perfeita! No que construí sempre junto com, ao lado de, ao invés disso, apesar daquilo outro... É de sabedoria e paz que embarco sem a suavidade dos sonhos... Os sonhos lá são o presente não condizente... É de saudade e impulso que me visto, sem malas... É de poréns e senões que insisto! E amo voltar a cabeça contra o vento, apesar do tempo, por cima da correnteza, debaixo desta chuva e de dentro deste frio...
Quando tudo está vazio, aprumo as asas, finjo o riso e olho... Só de olhar me acalma! Só de sabê-lo lá, me tranquiliza. Apenas em virar-me um pouco desta loucura que me abrasa a pele, me resguardo... Minha vida, minha história... De tudo que deixei me encontro sim, ainda que aqui, lá no passado!

Marcelle
10/10/2008
(Aniversário de Gugu, mais que irmão, o segundo filho que minha mãe teve por mim!)

quarta-feira, outubro 1

Quarentena



Esta porção ou número de 40 coisas.


40 bens de mercado?


É assim que me sinto!


A condição de minha humanidade

nunca esteve tão longe de ser HUMANA.

Quarenta dias, dada redução do tempo.


Os anos se tornaram dias, é assim que o valor reduz,


Alterando a percepção do tempo!


“Isolamento de algo,


ou suspensão de um processo


(p.ex., na tentativa de se assegurar de sua qualidade)”


Quarenta para se chegar à quarentena!


Significa ter chegado longe,


E é assim... longe de tudo!


Longe da humanidade! É a crise dos quarenta?


Quaresma!


É bem verdade...


Ainda em busca da Páscoa!


Que seja breve!

Postado por mim, Márcia, tendo retirado a imagem de