sexta-feira, outubro 10

Quando volto

Existe um lugar... onde seleciono o que respiro. Em que diversifico as sensações da alma, vario rápido de lugar sem precisar de avião, sem contar com relógios me vigiando... Viajo pra lá de vez enquando... Não me resta muito tempo pra ir buscar lá as forças que me restauram... Meu tempo me empurra a dormir quando os ponteiros me permitem... Ponteiros apressados deste mundo injusto, desta verdade crua, desta distância cruel de tudo que vivi e guardo!
Às vezes me decido a voltar lá... Me custa mais que passagem, mais que dinheiro, mais que estrada... Insisto a me humilhar indo lá... Já que aqui é tão impossível mudar. Não, não posso mudar lá também! É imutável, mas resgato o que quero a hora que posso! Ninguém decide por mim... Escolho a sós. Busco sozinha. Encontro paz!
Porque não só de dor se esvai minha ida... Mas de uma fuga perfeita! No que construí sempre junto com, ao lado de, ao invés disso, apesar daquilo outro... É de sabedoria e paz que embarco sem a suavidade dos sonhos... Os sonhos lá são o presente não condizente... É de saudade e impulso que me visto, sem malas... É de poréns e senões que insisto! E amo voltar a cabeça contra o vento, apesar do tempo, por cima da correnteza, debaixo desta chuva e de dentro deste frio...
Quando tudo está vazio, aprumo as asas, finjo o riso e olho... Só de olhar me acalma! Só de sabê-lo lá, me tranquiliza. Apenas em virar-me um pouco desta loucura que me abrasa a pele, me resguardo... Minha vida, minha história... De tudo que deixei me encontro sim, ainda que aqui, lá no passado!

Marcelle
10/10/2008
(Aniversário de Gugu, mais que irmão, o segundo filho que minha mãe teve por mim!)

Um comentário:

Anônimo disse...

Embora eu queira, que aconteça muitas e muitas vezes... não me faça chorar mais!
E de tanto chorar pela enorme afinidade que acalanta minha alma, é que me consolo. Exista sempre!!!