"Mais que amigo, mais que irmão, a metade de mim que existe em você e a metade de você que habita em mim... Um TXAI seria capaz de dar sua vida no lugar do outro se necessário fosse!"
quinta-feira, janeiro 25
Saudade!!!
"Mais que amigo, mais que irmão, a metade de mim que existe em você e a metade de você que habita em mim... Um TXAI seria capaz de dar sua vida no lugar do outro se necessário fosse!"
Não digas nada...
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender
- Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.
Medos
nascem as coragens
e das dúvidas
as certezas.
Os sonhos anunciam
outra realidade possível
e os delírios, outra razão.
Afinal de contas,
somos o que fazemos
para mudar o que somos.
Eduardo Galeano
segunda-feira, janeiro 15
Gravidade
Na ausência de luz, meu sono pára,
Ali descendo, afogo meu desalento...
Descem os ponteiros e o tempo não passa,
Aqui fecho os olhos pra ver se esqueço,
Mas procuro são os seus pela madrugada...
Aí os abro correndo e sim: - estremeço,
Ainda ouço sua voz, sinto seus passos,
Pela noite de ontem eu perdia o começo,
Agora imponho o fim: nó firme que desato.
E desce a chuva, e permaneço seca,
Não sigo seus passos pela enxurrada,
Elevo meus olhos diante sua beleza
Mas o que vi naquele dia foi minha face espelhada...
Água desce e corre; eu que fico e desconheço
Qualquer pesar por minha chegada...
Desce a lua levando em breve este segredo
E apagam-se em mim os sons de suas risadas...
E passa o tempo e desce o medo
Que dentro de mim esteve entrevado,
E desço a serra e deixo o beijo
Que não pude te dar e minha boca amarga...
Descem as pálpebras, perco as lágrimas,
Afogo os lábios para que eu padeça,
Empurro as mágoas, procuro uma escada,
A noite é fria e estática permaneço;
E desce o corpo estraçalhado pela estrada,
E não vejo nada neste mero arremeço,
Não sinto mais frio, nem vejo tantas águas,
Que meus olhos desperdiçam e que me lançam do avesso...
Desce a alma como sendo depenada
E deixa ali as asas como sinal de apreço,
E reinventa-se uma canção dessas desenterradas,
Pra caber de distração no ato em que te esqueço,
E já desce o sol e o vento não passa,
Cachoeira de sonhos no barulho das águas,
Silencia minha dor como forma de respeito...
E atravanco o nado até que a correnteza leve
O suor de meu rosto, as forças de minhas mãos,
Até que devolva meu sossego nesta prece
E até que eu conceba seu adeus, seu perdão...
E as pedras me batem nas águas que descem
Já não sou mais eu, sem você...
O desespero some, a alma agradece
Não vejo mais água, vejo nada, nem por quê...
- Parti!
sábado, janeiro 13
Restos de mim
Despejar-se como óleo por este chão
E se estes olhos de lágrimas se fecharem
E estes sonhos debulharem-se em ação,
Quando então esta história desrimada
Encontrar graça, sentido, razão
E as horas de sofrimento esgotadas
Devolverem-se em tempo, em forma de perdão...
Quando por ventura este grito já cansado
Alcançar alguém disponível pela imensidão
Ou de tão forte, seja este verbo calado
Ou entoado de réplicas em meu coração...
Quando não tarde o talvez não for dúvida,
Nem atalho, nem fuga pela dura jornada,
Ou seja o meu pranto o recanto já frio
E esta solidão restante, quase nada...
Que seja esta fé, esta força, desafio
Minha razão mais duradoura e festejada,
Seja este chão um suave caminho,
Quando talvez nem reste mais frio, solidão: reste nada.
(Marcelle - 1999)
quarta-feira, janeiro 10
Sobre a solidão...
(Imagem extraída do álbum uol. Cobra Pínton/Malásia - com uma ovelha sendo digerida)
Postado por Márcia
terça-feira, janeiro 9
Minha janela para o mundo
Poema e insônia,
Este par que vez em sempre
Resolve marcar um encontro
Em meu corpo.
Despido, nu, e ainda não se viu
Embora com quase quarenta.
De novo neste degredo
Que busco para me encontrar
Em busca da criança que quero deixar-me ser.
Chamo Adélia, a Prado
E imploro que ela me ensine a soltar meus cães;
Mas não há cachorros, nem nada tão grande,
Há sapos, salamandras,
Anfíbios, plenos para água,
E inteiros para a terra.
Desejo as asas,
Mas as asas, quem me empresta
É a poesia.
É Vinícius quem as têm.
Que como ninguém,
Soube ser criança
Na medida em que crescia;
Quero poesia,
Poesia que acalanta
Que me traz de volta ao corpo
Este que nem me cabe,
Mas de novo me traz
Simplesmente por reverberar,
Estremecer o espírito.
E o verbo se faz carne.
Quero poesia,
É nela que deserto o haver
O haver que me nina
O haver que me encoraja;
O haver e o simplesmente ser.
(Márcia, insone...)
O haver
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
– Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história...
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.
in "Poesia completa e prosa: "Poesias coligidas", Vinícius de Moraes
Márcia, com saudades do que eu ainda não vivi.
segunda-feira, janeiro 8
Sobre a corda bamba...
(...Eita ventinho bão na varanda,
sô!Duas comadres, falando da vida,na vida, na varanda...hehehehehe.É que na corda bamba da vida,só sente a delícia do bônus,quem assume o ônus.O seu texto, Marcelle, é"sem anestesia",a intervenção cirúrgica
quetodos
passamquando,na vida,se lançam a projetos sérios...Eita ventinho
bão...)
sexta-feira, janeiro 5
Paródia 360 graus
Senhoras e Senhores
Para 2007, não obstante uma baita incoerência incruenta, crível e visível, se eu fosse fazer uma declaração de votos, eu diria:
- Usem filtro solar! Destes mesmos, das prateleiras!
Na verdade, sou frequentemente tomada por uma vontade frenética de falar e escrever sobre bens e filtros fora do mercado. Não resistindo este ímpeto maior que minha enorme vontade de ser e estar congruente, lá vai!
Usem filtro de pessoas. Amigos e amigas não são produto apenas de convivência. Este filtro nos ajuda a entender a relatividade das distâncias quilométricas e cronológicas.
Usem um eficaz coador de crenças. Não acreditem em tudo. Aperfeiçoe seu discernimento. Isto não é ser desconfiado.
Coem ordens, recomendações, necessidades e demandas. A obediência é um valor, mas jamais se deixem cegos.
Purifiquem suas emoções. Aborreçam-se menos. Emoções não filtradas evitam tumores no corpo e no pensamento.
Filtrem invejas, mas não se esqueçam que, grande parte do reconhecimento que fazemos do mundo, o fazemos a partir do que somos.
Selecionem as dores que tomam vocês inesperadamente. Sofram apenas pelo que vale a pena. Se for inevitável sofrer, que a dor não traga amargura, mas sabedoria.
Usem a peneira dos atos rotineiros, e deixe que vaze nela o pó da criatividade que faz brilhar nossos dias tão iguais!
Peneirem a incompetência alheia. Não deixem que esta atinja vocês. Porém, saibam que o melhor antídoto de combate a este mal é a luta contra as nossas próprias ignorâncias.
Retenha, embargue mesmo, toda forma de excesso, inclusive o excesso de zelo, de higiene, de palavras, de trabalho, de pudor, de gentileza e de alegria. O excesso é perverso sempre, até mesmo em qualidades que nos realizam e preservam, pois ele é a diferença entre a cura e o envenenamento. (Já sabiam os chineses, há muito, que a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade) Até a gentileza excessiva passa a ser demonstração de invariabilidade, ou seja, de que o mundo do lado de fora não é efetivamente vivido.
Só deixem passar na peneira o que não for grosseiro. O tosco nos leva às arraias da banalidade.
Filtrem também os pensamentos. F. Pessoa já dizia que “o pensamento é o adoecimento dos olhos”.
Coem as inutilidades das utilidades. Separem-nas, mas reconheça que ambos nos apraziam.
Por fim, filtrem as minhas palavras; é bom que saibam que ela é fruto de nostalgia.
Agora, por uma questão de uniformidade no procedimento, eu diria qual é a peneira que faz isto tudo que não se vende, mas que todos desejamos. A peneira é a lucidez, esta que todos somos portadores, mas que, porém, é constantemente arrombada pelas nossas paixões insanas, que aquecem o desejo que cega como um sol, que nos arde de tal forma, que é melhor que
- Usem filtro (deste) solar.
quinta-feira, janeiro 4
NA CORDA BAMBA
A revista “Ser médico” da Cremesp – Conselho Regional de Medicina da cidade de SP – publicou no mês de dezembro a matéria “Deixar de ser médica” em que fala da jovem Haná, renomada acadêmica e residente da USP e posteriormente psiquiatra (com consultório montado) que desiste da medicina e a abandona para ser feliz. Inicia um curso de ciências da arte ainda médica do qual se afasta por não haver tempo para mais estudo, abandona a medicina e segue como documentarista para ter mais tempo de VIDA !
Redescobrindo Elis Regina declaro:
“Como se fora brincadeira de rodas”, ou história de ninar destas descabidas para crianças de 2 ou 3 anos, pra não dizer piada de péssimo gosto, retorno da caçada ainda com fome; - assustada e fugitiva daquele tigre imenso. Sim, como haveria de ser: chorosa, sedenta, faminta, medrosa! – Retornarei àquele lugar ou morrerei aqui de fome?
“O jogo do trabalho na dança das mãos vazias” é desalento; ameaça mais que o tigre... por maior que parecesse ser a fome dele. Porque “o suor dos corpos” no “suor da vida” se faz valer na diferença entre fuga e luta. Assim nos distinguimos entre nós. A honra está no caminho escolhido e no foco de interpretação.
Quando me aventurei era assim: “o animal que sabia da floresta” mas que se engana e se fere... E “redescobre o sal que está na própria pele” no próprio sangue que escorre e que bebeu pra tentar se reerguer. (O “lamber das línguas” é que ficou na memória, apenas... e “na magia das festas” que perdi!).
“Renascer da própria força” é bonito; da “própria luz” é ironia; da “própria fé” é ilusório! “Tudo principia na própria pessoa” quando constatamos que estamos num circo e que ter esperanças é ser palhaço. Performance é a palavra. Esforço é parto para se renascer “criança que não teme o tempo”, mas urge na experiência da libertação!
Mas ironicamente “tudo principia na própria pessoa”; talvez na própria floresta, talvez no reencontro com o mesmo tigre, na réplica da mesma luta de que fugi um dia, no “suor dos corpos na canção da vida” e no “suor da vida no calor de irmãos” em que a interpretação estará entre fugir e lutar, na empreitada abraçada antes e definidora de que “amor a se fazer é tão prazer que é como fosse dor”. (E dor sem anestesia). Renascer da própria fé ? - só no AMOR!
Parabenizo Haná pela coragem, mas prefiro antes tentar reinventar esta história, como que em brincadeira de roda, trocando as mãos seguradas, entoando outra cantiga, retocando a tal floresta... Insistir é a minha vitória. Ter esperanças é passado. Performance é a palavra. O parto há de acontecer – e sem anestesia.
Marcelle (Dez 06/Jan 07)
(Imagens retiradas dos sites: www.duiops.net e www.relatsencatala.com)
segunda-feira, janeiro 1
Brincar de Viver
Quem me chamou
Não vai querer voltar pro ninho
E redescobrir seu lugar
Pra retornar
E enfrentar o dia-a-dia
Reaprender a sonhar
Você verá que é mesmo assim, que a história não
tem fim
Continua sempre que você responde sim à sua
imaginação
A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não
Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
E não esquecer, ninguém é o centro do universo
Que assim é maior o prazer
E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo
meu caminho
Como eu sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo
Vem !
Esta postagem tem o sabor especial de estarmos na varanda no mesmo lado da tela! Amém!