quinta-feira, janeiro 4

NA CORDA BAMBA

A revista “Ser médico” da Cremesp – Conselho Regional de Medicina da cidade de SP – publicou no mês de dezembro a matéria “Deixar de ser médica” em que fala da jovem Haná, renomada acadêmica e residente da USP e posteriormente psiquiatra (com consultório montado) que desiste da medicina e a abandona para ser feliz. Inicia um curso de ciências da arte ainda médica do qual se afasta por não haver tempo para mais estudo, abandona a medicina e segue como documentarista para ter mais tempo de VIDA !



Redescobrindo Elis Regina declaro:

“Como se fora brincadeira de rodas”, ou história de ninar destas descabidas para crianças de 2 ou 3 anos, pra não dizer piada de péssimo gosto, retorno da caçada ainda com fome; - assustada e fugitiva daquele tigre imenso. Sim, como haveria de ser: chorosa, sedenta, faminta, medrosa! – Retornarei àquele lugar ou morrerei aqui de fome?

“O jogo do trabalho na dança das mãos vazias” é desalento; ameaça mais que o tigre... por maior que parecesse ser a fome dele. Porque “o suor dos corpos” no “suor da vida” se faz valer na diferença entre fuga e luta. Assim nos distinguimos entre nós. A honra está no caminho escolhido e no foco de interpretação.

Quando me aventurei era assim: “o animal que sabia da floresta” mas que se engana e se fere... E “redescobre o sal que está na própria pele” no próprio sangue que escorre e que bebeu pra tentar se reerguer. (O “lamber das línguas” é que ficou na memória, apenas... e “na magia das festas” que perdi!).

“Renascer da própria força” é bonito; da “própria luz” é ironia; da “própria fé” é ilusório! “Tudo principia na própria pessoa” quando constatamos que estamos num circo e que ter esperanças é ser palhaço. Performance é a palavra. Esforço é parto para se renascer “criança que não teme o tempo”, mas urge na experiência da libertação!

Mas ironicamente “tudo principia na própria pessoa”; talvez na própria floresta, talvez no reencontro com o mesmo tigre, na réplica da mesma luta de que fugi um dia, no “suor dos corpos na canção da vida” e no “suor da vida no calor de irmãos” em que a interpretação estará entre fugir e lutar, na empreitada abraçada antes e definidora de que “amor a se fazer é tão prazer que é como fosse dor”. (E dor sem anestesia). Renascer da própria fé ? - só no AMOR!

Parabenizo Haná pela coragem, mas prefiro antes tentar reinventar esta história, como que em brincadeira de roda, trocando as mãos seguradas, entoando outra cantiga, retocando a tal floresta... Insistir é a minha vitória. Ter esperanças é passado. Performance é a palavra. O parto há de acontecer – e sem anestesia.

Marcelle (Dez 06/Jan 07)

(Imagens retiradas dos sites: www.duiops.net e www.relatsencatala.com)

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