quarta-feira, dezembro 24

SONHAR É PRECISO



Se aos teus sonhos outros sonhos tu somares


Sob a espera da presença do irreal,


É porque estás além dos patamares


Dos arautos da frieza universal



Continua o teu sonho e não te ponhas


Na linhagem dos pétreos, sem sorriso,


os Anjos te assistem enquanto sonhas


E na terra te preparam um Paraíso...



Benditos sejam os sempre sonhadores,


Fiéis aos passes de mágicos atores,


Que transformam o devaneio em realidade



Quem não sonha do seu chão não tem ciúmes,


É incapaz de lutar contra os costumes


Que corrompem os ideais de Liberdade...


Olavo Drummond



Lute e realize seus sonhos.


Inove em 2009


Imagem: brisas.blogs.sapo.pt/16764

segunda-feira, dezembro 15

SE...



Se és capaz de manter tua calma,
quando todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.

De crer em ti quando todos duvidam,
e para esses, no entanto, achar uma desculpa.


Se és capaz de esperar sem te desesperares,
e enganado, não mentir ao mentiroso.

Ou, sendo odiado, ao ódio te esquivares,
e não ser bom demais nem pretensioso.


Se és capaz de pensar, sem que a isso só te atires,
e de sonhar, sem fazer dos sonhos teus senhores.

Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo conseguires
tratar da mesma forma a esses dois impostores.


Se és capaz de sofrer a dor de ver transformadas em armadilhas
todas as verdades que disseste.

E estraçalhadas as coisas por que deste a vida,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.


Se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda tua vida.

E perder e, ao perder, sem dizer nada,
resignado voltar ao ponto de partida.


De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
e dar seja o que for neles que ainda existe.

E persistir quando, exausto, ainda te resta
a vontade que te ordena: Persiste!


Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes,
e entre reis não perder a naturalidade.

E de amigos, quer bons ou maus, te defenderes,
e a ambos poder ser de alguma utilidade.


Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.

Tua é a terra com tudo que existe no mundo, e – o que é muito mais –
és um Homem, meu filho!


Rudyard Kipling
Imagem: blogdapalavra.blogs.sapo.pt/arquivo/vento.jpg

segunda-feira, dezembro 8

NÃO IMPORTA O RESULTADO...

... Just because "I'd put my spirit to the test..."!!!

And that's all...

Marcelle Araujo

domingo, novembro 16

F-O-T-O-G-R-A-F-I-A

Porque o que vai ficar na fotografia... É a felicidade... As pistas que Deus me dá...
Porque os amigos são as bençãos pra eu recomeçar...
Afeto em frente ao mar...



Aos meus amigos mais que irmãos, e irmãos mais que amigos...
Esta música:



Hoje o mar faz onda feito criança
No balanço calmo a gente descansa
Nessas horas dorme longe a lembrança
De ser feliz

Quando a tarde toma a gente nos braços
Sopra um vento que dissolve o cansaço
É o avesso do esforço que eu faço
Pra ser feliz

O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia
As cores, figuras, motivos
O sol passando sobre os amigos

Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar.
Quando as sombras vão ficando compridas
Enchendo a casa de silêncio e preguiça
Nessas horas é que Deus deixa pistas
Pra eu ser feliz
E quando o dia não passar de um retrato
Colorindo de saudade o meu quarto
Só aí vou ter certeza de fato
Que eu fui feliz
O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia
As cores, figuras, motivos
O sol passando sobre os amigos
Histórias, bebidas, sorrisos
E a f e t o em frente ao m a r...





Porque eu sou muito feliz!!!
...
Composição: Leoni, Léo Jaime
Marcelle Araujo.

segunda-feira, novembro 10

Resposta (skank)


Bem mais que o tempo que nós perdemos,
ficou pra trás também o que nos juntou.
Ainda lembro, que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou
Dos versos que eu fiz
E ainda espero resposta
Desfaz o vento, o que há por dentro
Neste lugar que ninguém mais pisou
Você está vendo o que está acontecendo
Neste caderno sei que ainda estão
Os versos seus tão meus que peço
Dos versos meus tão seus que esperem que os aceite
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante
Bem mais que o tempo que nós perdemos ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou
Os versos seus tão meus que peço
Dos versos meus tão seus que esperem que os aceite
Em paz eu digo o que eu sou o antigo do que vai adiante
Sem mais, eu fico onde estou, prefiro continuar distante.

sábado, novembro 8

O Haver





Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura

Essa intimidade perfeita com o silêncio

Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo...



Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo

Essa mão que tateia antes de ter, esse medo

De ferir tocando, essa forte mão de homem

Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.



Resta essa imobilidade, essa economia de gestos

Essa inércia cada vez maior diante do Infinito

Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível

Essa irredutível recusa à poesia não vivida.



Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento

Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade

Do tempo, essa lenta decomposição poética

Em busca de uma só vida, uma só morte, um só EU.



Resta esse coração queimando como um círio

Numa catedral em ruínas, essa tristeza

Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria

Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.



Resta essa vontade de chorar diante da beleza

Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido

Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa

Piedade de si mesmo e de sua força inútil.



Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado

De pequenos absurdos, essa capacidade

De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil

E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.



Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza

De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser

E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa

Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.



Resta essa faculdade incoercível de sonhar

De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade

De aceitá-la tal como é, e essa visão

Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante



E desnecessária presciência, e essa memória anterior

De mundos inexistentes, e esse heroísmo

Estático, e essa pequenina luz indecifrável

A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.



Resta esse desejo de sentir-se igual a todos

De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória

Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade

De não querer ser príncipe senão do seu reino.



Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade

Pelo momento a vir, quando, apressada

Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante

Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...



Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto

Esse eterno levantar-se depois de cada queda

Essa busca de equilíbrio no fio da navalha

Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo

Infantil de ter pequenas coragens.





Vinícius de Moraes - devidamente modificado

pra pertencer a minha história e a esta varanda de verdades...



15/04/62



Marcelle Araujo.


Imagem: O Haver
Vinicius de Moraes img296.imageshack.us/img296/9825/colorceugv2.jpg380 x 304 - 18k





quarta-feira, outubro 15

A sorte está lançada...


O raio não cai duas vezes no mesmo lugar...
Nem dois milagres na mesma história...
Mas aqui vamos nós,
Na luta de cada segundo...
No desafio de cada incerteza...
Recriando as forças, apenas...
Não importando resultados...
O tiro de canhão na platéia foi dado,
Cheguei até aqui!
Mas minha persistência é apesar das críticas e dos julgamentos...
eu sei de minha verdade!
Não me defenderei...
- Perderei com a cabeça no lugar dela!
Muito obrigada!




Em meios a tantos “desastres” – meu último “talento” adquirido segundo “amigos” próximos – encontro-me exausta!
Talvez pelos tragos excedidos nestes últimos três meses – sem “goles” de cerveja associados – sinto-me quase que em insuficiência respiratória chegando ao final do segundo tempo.

Estou perdendo. Eu, e provavelmente todos que me amam vão perdendo comigo, porque não há segundo tempo em jogo solitário, só em coletivo. Tênis não tem tempo pra acabar; perde-se pela circunstância... Eu, vendo o cronômetro correndo, infelizmente sei que só depende de mim, mesmo que faltem força, ânimo, coragem, e que falte ar! Misturam-se a possibilidade da perda para as circunstâncias e o peso de não perder sozinha, numa inefável maratona em que o tempo conta e me trai! Não posso contar com ele... Queria era reinventar esta partida apelando do que julgo inédito para as evidências.

No meu velho e bom basquete éramos cinco; cinco recriando juntos as circunstâncias, nos ajudando, nos encorajando, levando por vezes à derrota alguns desconhecidos do banco e o coitado do treinador que não tinha tanta culpa assim... Sim, perdíamos juntos, por “nossa” culpa, e muitas vezes para o tal cronômetro que nos roubava a chance do “quem sabe se”...; do “de repente se”. E também vibrávamos juntos, abraçávamo-nos como se pudéssemos ocupar o mesmo lugar no espaço e não nos coubéssemos mutuamente...
Hoje é que aprecio mais os jogadores de vôlei! Jogo justo! Elitizado, diria... Reuniu circunstância, coletividade e desprezou o tal cronômetro...
Mas, como nunca quis mesmo ser “um vencedor” descubro-me não mais atleta, imposta à um jogo de tênis e com cronômetro!!! Na arquibancada? Qualquer um de plantão a rir-se do desastre próximo; apostando da minha sobrevivência à minha humilhação.

No banco: os que também amo e aos quais ao menos eu devia devolver a vitória porque cada um quer dividir do jeito que pode algum lugar comum no espaço que ocupo – independente de abraços! Nas mãos: alguns destinos, um maço, um copo de coca light, a bola e uma imagem de Nossa Senhora. À minha frente nada mais que um ponto de interrogação!

Depende das circunstâncias e que não parem o cronômetro porque ainda não terminei... Sou mais que força, ânimo, mais que coragem, sono e ar. Talvez não tenha a oportunidade de terminar no tempo certo, mas vou tentar, mesmo que eu “termine” após o fim devidamente cumprido...
- Assim perderei, ou não, com a cabeça no lugar dela e não abaixo! Porque desastre é estar na arquibancada, de mãos atadas, torcendo contra como em rinha de galo... Não sou gladiador, nem sou galo...

Hoje é que aprecio mais os cavalos! Animal justo! Diria, elitizado... Corre contra o tempo e contra o vizinho mas não lhes põe os pés na frente... Aceita as circunstâncias... Mas sobre o mundo animal converso outro dia. Senão os leões me devoram e sou jogada em restos aos porcos. Agora tenho pressa. Preciso terminar antes do cronômetro; enquanto houver ar, empurrar para prorrogação...

Aos do banco:
- Não perdi ainda não! Segurem a medalhinha, tragam mais água, um isqueiro e um lençol. Lençol para vendar meus olhos se por acaso eu fizer um ace (como aquela velha cesta de três no último minuto) e isto for um tiro de canhão na arquibancada. Preciso vê-los arrasados não!!!

- Quero só continuar e espero que entendam!
Desta vez, o lençol é de mar. Mar de paz! Simplesmente de entrega assim como parto com, e fico com o Mar...




Postado por mim - Marcelle - em 28/11/2006 e 15/11/2008
Imagem: Lençol de mar
Retirada de: fantasy.flogbrasil.terra.com.br

segunda-feira, outubro 13

Equívocos (1)



Há muito ando pensando sobre os equívocos da racionalidade ilustrada!

Não se trata de um pensar distante do corpo. Ao contrário, um processo que a carne sente, reclama por encontrar um lugar neste mundo.

Sem dúvidas, trata-se de um pensar de difícil comunhão com os outros, razão pela qual, exorcizo neste perdido lugar, num mundo de precária realidade: o blog.

Depois da quarentena, pareceu-me insustentável a reprodução de jargões que saúdam a vida e a existência. O pior deles é o desejo de sucesso!

Então, aqui estou no devaneio de pensar o sucesso como um grande equívoco da sociedade moderna. Vou por meio de tópicos:
  1. Sobre suas possibilidades - Trata-se da consagração do indivíduo. O indivíduo moderno só o é se bem sucedido. Sim, pois longe da idéia de sucesso, frequentemente, este ser é tido como fracassado, sem identidade, sem legitimidade. Equipes bem sucedidas, existem! Mas, além de raras, quando acontecem, o destaque é para o chefe, seja este “Bernardinho” ou “Giba”, o mentor, ou o operacionalizador do sucesso. Pessoas, numa carreira “solo”, tem-se a expectativa, que sejam tão, ou melhor, do que na equipe. O sucesso é o coroamento do diferencial, exatamente o que nos torna indivíduos, nos tira do anonimato, e projeta no nome do “tal”, como “o cara”. O indivíduo que se entende pós-moderno, também vive os paradoxos desta busca, posto que esta coloca-se sem qualquer referência de valores ontológicos que a limitem.
  2. Sobre sua promessa – a busca pelo sucesso é permanentemente busca, nunca o sucesso alcançado. Sucesso para ser mantido, há de ser sempre busca, pois o repouso da realização, da satisfação do dever cumprido, compromete o próprio conteúdo do sucesso (se é que não se trata em verdade da busca do nada). Daí por que sucesso e realização nunca se encontrem. O alcance do sucesso é sempre a própria necessidade de colocá-lo num patamar superior.

  3. Ética - do ponto de vista ético, o sucesso, ou sua busca, tem produzido indivíduos ávidos e capazes de apenas auto-reconhecimento. Paira sobre o ambicioso por sucesso a crença, ou pelo menos o marketing, de se ver sempre superior aos outros, o que em tese justifica a projeção do bem sucedido. Estes narcisos esquizofrênicos pelo “topo”, ou por ser “top”, não fazem outra coisa de suas vidas a não ser esta luta louca para estar acima de. Tal luta leva a uma total negação das relações inter-pessoais. São pessoas solitárias, cuja manutenção da relação no tempo só confirma o quem é por mim, ou o quem é contra mim. A busca do sucesso tem feito pessoas excessivamente egocentradas e incapazes de partilhar seu melhor com quem quer que seja. São verdadeiros monstros marcados pela hipertrofia do próprio umbigo, cujo reconhecimento do “outro” só tem sentido se for degrau para a ascensão própria.

  4. Sobre o fracasso – a busca insana pelo sucesso leva a negação do fracasso se estender ao erro. É estranha a necessidade de virar páginas, quando o erro poderia ser reciclado. Erros, que todos são passíveis de cometer, são loucamente escondidos pelos que ambicionam o sucesso. Nele, no erro, não se pode tocar, nem que para isto um mundo de delírio, de pura marketagem, seja construído para desviar os holofotes imaginários do candidato ao podium. Neste caso, a luz-holofote, ao invés de clarear, cega e só deixa enxergar a partir da narrativa do canto da sereia.

Na mitologia cristã, há um momento de pura criatividade narrativa para explicar a ordem do mundo. Falo do momento que Eva oferece a maçã a Adão, e este, fisgado, mergulha no pecado original. Há muito já se sabe que o mito, qualquer um, inclusive do pecado original, é uma narrativa, cheia de alegorias,que admite diferentes conteúdos às imagens postas, para cada cultura que a perpetue.

No caso do mito do paraíso, ao longo da Idade Média, a maçã assumiu o conteúdo da luxúria, da escuta aos desejos da sexualidade. A maçã incorporou a idéia do sexo, cujo controle correspondia a submissão das mentes àquele modelo de sociedade teocêntrica.

No séc. XIX, a maçã ganhou outro conteúdo, o de conhecimento... “comerás, e sereis como deuses”. O conhecimento científico, naquela sociedade de pleno elogio a potência humana pela ciência, passou a substituir a luxúria como forma de controle nas relações sociais.

Hoje, penso que este mesmo mito já admite outras variações. A maçã pode ser entendida como o SUCESSO, só que neste caso, a relação entre Adão, Eva e a Serpente há de ser reescrita, pois quando chegar a hora destas figuras serem expulsas do paraíso, por terem, sugerido, tocado e mordido a maçã, sequer o companhia e o calor de umas por outras há de haver.

Márcia

sexta-feira, outubro 10

Quando volto

Existe um lugar... onde seleciono o que respiro. Em que diversifico as sensações da alma, vario rápido de lugar sem precisar de avião, sem contar com relógios me vigiando... Viajo pra lá de vez enquando... Não me resta muito tempo pra ir buscar lá as forças que me restauram... Meu tempo me empurra a dormir quando os ponteiros me permitem... Ponteiros apressados deste mundo injusto, desta verdade crua, desta distância cruel de tudo que vivi e guardo!
Às vezes me decido a voltar lá... Me custa mais que passagem, mais que dinheiro, mais que estrada... Insisto a me humilhar indo lá... Já que aqui é tão impossível mudar. Não, não posso mudar lá também! É imutável, mas resgato o que quero a hora que posso! Ninguém decide por mim... Escolho a sós. Busco sozinha. Encontro paz!
Porque não só de dor se esvai minha ida... Mas de uma fuga perfeita! No que construí sempre junto com, ao lado de, ao invés disso, apesar daquilo outro... É de sabedoria e paz que embarco sem a suavidade dos sonhos... Os sonhos lá são o presente não condizente... É de saudade e impulso que me visto, sem malas... É de poréns e senões que insisto! E amo voltar a cabeça contra o vento, apesar do tempo, por cima da correnteza, debaixo desta chuva e de dentro deste frio...
Quando tudo está vazio, aprumo as asas, finjo o riso e olho... Só de olhar me acalma! Só de sabê-lo lá, me tranquiliza. Apenas em virar-me um pouco desta loucura que me abrasa a pele, me resguardo... Minha vida, minha história... De tudo que deixei me encontro sim, ainda que aqui, lá no passado!

Marcelle
10/10/2008
(Aniversário de Gugu, mais que irmão, o segundo filho que minha mãe teve por mim!)

quarta-feira, outubro 1

Quarentena



Esta porção ou número de 40 coisas.


40 bens de mercado?


É assim que me sinto!


A condição de minha humanidade

nunca esteve tão longe de ser HUMANA.

Quarenta dias, dada redução do tempo.


Os anos se tornaram dias, é assim que o valor reduz,


Alterando a percepção do tempo!


“Isolamento de algo,


ou suspensão de um processo


(p.ex., na tentativa de se assegurar de sua qualidade)”


Quarenta para se chegar à quarentena!


Significa ter chegado longe,


E é assim... longe de tudo!


Longe da humanidade! É a crise dos quarenta?


Quaresma!


É bem verdade...


Ainda em busca da Páscoa!


Que seja breve!

Postado por mim, Márcia, tendo retirado a imagem de

sábado, setembro 20

Renascimento

Não importa mais nada...
Apenas o agora do hoje que não aborta a verdade do ontem...
Nas duas faces.
Nada mais importa...
O dizer de amanhã não será precedido hoje e nem o foi ontem,
Nas duras faces.
Não por nada...
Não importa...
Nem virando a mesma face...
Nem recriando-me em outras máscaras.
Da minha verdade ao meu negativo,
Apenas não dizer a próxima vontade
É o que digo.
De lavada face é o que me importa.
E saio e volto e mais nada.
Se volto ontem e padeço agora.
Se sigo fora ou se minto,
Se parto agora, se em pedaços fico,
Se em minha verdade, ou se em meu castigo...
Não importa,
Renasço.
Marcelle Araujo

quarta-feira, setembro 17

Libertação

"Quem me conhece, sabe. Não guardo nada pra depois. Não economizo felicidade. Não economizo palavras. Não economizo vontades. Na verdade, não me economizo. Não espero o momento certo, não tenho o perfume lacrado, o vinho guardado, a lingerie na caixa, a surpresa pronta para a data especial. Toda hora é agora. Quase impossível deixar pra mais tarde. Pode ser um defeito devastador, eu sei. Mas não está em mim engolir desejos, usar camisola rasgada pra dormir sozinha, passar lavanda barata para ir ao supermercado, dizer que não quando a vontade é dizer sim. Não está em mim fazer jogo, fazer tipo, esperar pra ver, ficar com gosto do beijo não dado, deixar a página em branco com medo de confessar. Ah, me poupe! Eu quero provar o inesperado, improvisar meu mundo, fazer festa sozinha, me enfeitar e me embebedar. De mim.

Quero muito mais do que sou, quero o agora e quero o depois. Eu não gosto de rótulos, cansei de regras, estou entediada com tanta posologia na vida, acho "modo de usar" um tanto quanto limitado, considero uma pobreza de espírito essa moda de "achar", "julgar" e "estereotipar". Eu quero mais é ser feliz hoje, quero me sentir bem AGORA..."



Fernanda Mello

E eu, Marcelle, roubando palavras...

Só isso!

Imagem: logoali.wordpress.com

sexta-feira, setembro 5

Relógio fechado - Livro

Imagem: farm3.static.flickr.com

Livro fechado: e eu que estava gostando da leitura?

Não interessa... Já levaram o livro... Embora...

Arremeçaram na piscina...

Só isso.

Marcelle



terça-feira, agosto 19

Que apressem o cronômetro...


O tempo
Agora que foi dada a largada, e que me encontro em plena época de olimpíadas inerte numa piscina imensa, declaro que não pretendo subir..., nem atravessá-la, porque não vejo o fim. Vou ficar aqui, exatamente no mesmo lugar. Também não desejo reciclar o ar que se for lentamente dos meus pulmões porque é sufocada mesmo que me sinto, na espera do momento certo...; na espera que o ar volte talvez, mesmo ausente na piscina, mesmo sem precisar de mim...
Momento em que valha a pena ser resgatada daqui para algum lugar seguro, que se pareça com um passado muito breve talvez... Até que o tal do tempo seja condizente e responda as inquietações que me cercam como toda essa água ou até que meus pensamentos sejam um a um a f o g a d o s... Porque sobreviver com eles, não poderei mais. Prefiro mesmo que o ar me falte e que eu entorpeça ou alucine em outros devaneios de sobrevivência. E é só!
Marcelle
Araujo


Imagens: www. google.com br

camilacamargo.wordpress.com

segunda-feira, agosto 11

'L'ombre de ton ombre, l'ombre de ta main, l'ombre de ton chien...'



Cheers. I figured a little free writing wouldn't do us much harm, so here's to tragedy. A fundamental spice, not needing to be a social voyeur to recognize its meaning.
I'm not referring to hurricanes, volcanoes, cyclones or wars. At least the geophysical or social categories, but the intrinsic. What could be more tragic than a lost chance, calling someone else his name, words left unsaid, wishing you had made it to that funeral, starting up that fight you never did because you thought it just wasn't worth it, eating that pie, giving that gift you considered too kitsch, drinking that bottle. Or just that glass.
Tragedy expresses itself in so many facets. I have this vivid picture of myself trying to grab water with my bare hands. Perhaps it has something to do with Gianluca Grignani's 'La mia storia tra le dita', which was part of my teenage soundtrack, but, oramai, non saprei dirlo. Just like that dream I once had about a boy who had the most beautiful blue eyes I had ever seen, and when I told him that, he replied that he was blind.
Another notable aspect of tragedy is self accomplishment. It simply draws one to consumate not more, nor less than its natural finale. As getting on a plane to eastern skies, arian grounds, mediterranean sunsets. Not mattering that slippery water running through those fingers. To the point you can't discern between cold, warmth, or pain.
Let's reconcile. '...sin perder la ternura.' The anterior catharsis is essential to the enrichment of one's full being. A writer once said that the unhappy years were accountable for the greatness of his work, not the joyful moments. It's common knowledge that the best victory is the one an individual fought hard to achieve. Otherwise, there would be no means of satisfaction. Certainty does lead to undervaluing, taking things for granted.
What makes you ache, makes you smile. Those same 'vasa' that cause you to bleed, may make you blush. Or even your heart beat faster when he walks by your sidewalk or your thoughts. Gently wondering- he, or someone else, or something might return.
Amanda Cardoso
Texto de minha grande amiga Amanda, que comungou sempre comigo meio que telepaticamente tantas EMOÇÕES... E não há nada melhor do que dividirmos a linguagem dos anjos entre seres de mesma espécie! Por isso, aqui na varanda reservo este pequeno espaço para suas palavras de poliglota e gênio literário (na minha opinião) que por ventura vêm a complementar o meu texto "transeuntes no tempo" quase que na íntegra. Seus comentários me foram relatados on line. E meus agradecimentos, assim - também!
Espero que aprecie na estrutura que escolheu!
Um forte abraço, Marcelle.
P.S.: Sinto-me lisongeada com sua presença na varanda!
Parabéns pela profundeza do texto!

domingo, agosto 10

O valor de um presente...





Esta é uma história sobre um jovem casal, Jim e Della. São pobres mas muito apaixonados. Com a proximidade do Natal, Della tinha dúvidas sobre o que comprar para presentear Jim. Ela gostaria de lhe dar uma corrente para o relógio de bolso que ele mantinha com tanto carinho, mas ela não teria dinheiro suficiente. Então ela teve uma idéia. Ela tinha longos e belos cabelos. Assim Della decidiu cortar o cabelo e vendê-lo para comprar a caprichosa corrente para o relógio de Jim. Na véspera do Natal ela volta para casa, e na mão dela está um caixa bonita que contém uma corrente de ouro que comprara vendendo o seu cabelo. De repente Della começa a se preocupar. Ela sabe que Jim sempre gostou do cabelo longo, e temia desapontá-lo por tê-lo cortado e vendido.


Della sobe o último lance de degraus que conduzem para o seu minúsculo apartamento. Abre a porta e é surpreendida ao encontrar Jim em casa esperando por ela. Nas mãos dele um embrulho que, com certeza, contém o presente que ele comprou para ela. Quando Della remove o lenço Jim vê o cabelo cortado, e arregala os olhos. Mas ela não diz nada. Ele sufoca as lágrimas e entrega à Della a caixa de presente. Quando Della abre a caixa, mais uma surpresa. Na caixa, um bonito jogo de pentes de prata para o seu longo cabelo. E quando Jim abre o presente dele, ele, também, está surpreso. Dentro da caixa uma bonita corrente de ouro para o seu relógio de bolso.


Só então Della descobre que Jim penhorou o relógio de ouro dele para lhe comprar os pentes de prata. Aprenderam, ambos, que mais bonito que todo e qualquer presente é o amor que ele simboliza.


Rivalcir Liberato


www.rivalcir.com.br/mensagemparavoce/42_valordopresente

Imagem: www.rivalcir.com.br/mensagemparavoce/42_valordopresente

Entrega - qual está o sentido das surpresas que deixamos ...


Marcelle


terça-feira, julho 29

Re-entitulando: "A Vida da Atriz"

Após seis meses de abstinência, finalmente me rendo aos prazeres da frequência cardíaca elevadíssima, do suor escorrendo, dos músculos tensos, da fronte rígida, da água escassa, das endorfinas... De volta aos movimentos e à vida, se me permitem filosofar, ("porque só o que é morto tá parado") reencantei-me, ali na academia, com aquela música que me remete aos meus tempos de teatro em que, sim, me sentia humildemente "atriz" por alguns segundos... Aos mistérios que havia naqueles tempos e à magia que se segue, só cabe hoje, na varanda, essa música e mais nada...


Olha,
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura?
O rosto da atriz...
Se ela dança no sétimo céu,
Se ela acredita que é outro país,
E se ela só decora o seu papel?
- E se eu pudesse entrar na sua vida?

Olha,
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário?
A casa da atriz...
Se ela mora num arranha-céu,
E se as paredes são feitas de giz,
E se ela chora num quarto de hotel?
- E se eu pudesse entrar na sua vida?


Sim, me leva pra sempre, Beatriz,
Me ensina a não andar com os pés no chão,
Para sempre é sempre por um triz...
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão?
Diz se é perigoso a gente ser feliz?


Olha!
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina?
A VIDA DA ATRIZ...
Se ela um dia despencar do céu?
E se os pagantes exigirem bis?
E se o arcanjo passar o chapéu?
- E se eu pudesse entrar na sua vida...?

- Perfeita! Obrigada Chico!

Chico Buarque de Holanda

Recomendo na voz de Ana Carolina

Imagem retirada da galeria de fotos do site "Vagalume".

Postagem de Marcelle Araujo.




quarta-feira, julho 23

segunda-feira, julho 21

Transeuntes no tempo





















Eu, colecionadora nata de almas, divago hoje entre o haver e o sentir... Vinha entornando-me de esperas, ultrapassando próprias expectativas e recolhendo as prendas que nem julgava merecer. Até aqui!

Entre a tarefa árdua diante da conquista mútua e da saída brusca e sábia da vida dos que não me "pertencem", fico com a melhor e pior partes... E bem sei eu dos preços a que me submeto custear das almas, as emoções... E custeio porque jogar é para os bem pobres (de espírito); porque fingir é dos indignos do que comem; porque amaldiçoar é simplesmente impróprio!!! Porque seu sorriso é que foi minha alienação...

Sim! Enlouqueci... Desde o início! E quem disse que não é no mundo dos loucos que se encontra a paz? Onde ditaram as condutas - receitas inúteis de cápsulas prontas - para sermos de fato felizes? Quem disse que tem que ser pra sempre, se o sempre escapa-me na medida certa? E se volta SEMPRE enquanto eu puder lembrar? (E sorrir?)

Não. Não precisa assinatura! Nem promessa... Aliás, esta última é a maior praga da humanidade e experimentei ser divina por uns dias... E mais: tive o retorno inesperado à leitura de minhas linhas escritas, de minhas linhas contadas, de minhas linhas desnudas. Porque em seus olhos li a verdade que não tenho visto mais. Em seus movimentos tive a criança que procuro em mim; o lúdico de que me despedi quando a minha graça se foi. Aí descobri que deixei de recolher prendas porque me deram de beber o sumo e de comer a nata, me fazendo saborear aos poucos até entorpecer-me da alma que tanto procurava.

Seu adeus não é de morte - para o qual me vendi há 10 anos. (E que sorte!!!). Sua partida não é de passagem se há tanto que ficou aqui... Nem sei se sua ida tem volta! Mas pertenceremo-nos para sempre (cabendo aqui o bom uso desta palavra) na história que ficou sem fim e nada pode mudar esta doce realidade! Porque fomos INTEIROS somando versões, multiplicando os segundos, surpreendendo o ininterpretável diante nossos próprios olhos! (E os de tantos quantos puderam nos alcançar...).

O limiar da dor segue apenas na saudade que de temida e companheira só me ensina a amar melhor o que deixo livre como sou...

Assim seja!
Marcelle.

Imagens: guardiadesonhos.spaces.live.com
petalas.blogs.sapo.pt

Muito obrigada...

"Quanta verdade você suporta?
Às vezes penso que sou a pessoa mais solitária do mundo. A minha solidão não depende da presença ou ausência de pessoas, pelo contrário, odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia!"
(Nietzsche)


nelsonjunior.files.wordpress.com/2008/04/casa...

Partida

Ainda que os ventos nos mudem a direção,
A clareza e a verdade nos acompanham,
Pois nenhum vento sabe fugir da Luz,
E sempre se acalmam quando sentidos como
Manto Divino tocando as almas.
Marcelle

A música da Varanda...




Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão



Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá



Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real



Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá




Vem andar e voa

Vem andar e voa

Vem andar e voa




Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão



Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for


(Varanda dos fundos)




Vilarejo - Marisa Monte

www.esec-emidio-navarro-alm.rcts.pt/dramas_pe...

sexta-feira, julho 18

A seta e o alvo...


Eu falo de amor à vida,


Você de medo da morte.


Eu falo da força do acaso


E você de azar ou sorte.


Eu ando num labirinto


E você numa estrada em linha reta.


Te chamo pra festa,


Mas você só quer atingir sua meta.


Sua meta é a seta no alvo,


Mas o alvo, na certa, não te espera.


Eu olho pro infinito


E você de óculos escuros.


Eu digo: "Te amo!"


E você só acredita quando eu juro.



Eu lanço minha alma no espaço,


Você pisa os pés na terra.


Eu experimento o futuro


E você só lamenta não ser o que era.



E o que era?


Era a seta no alvo,


Mas o alvo, na certa, não te espera.



Eu grito por liberdade,


Você deixa a porta se fechar.



Eu quero saber a verdade


E você se preocupa em não se machucar.


Eu corro todos os riscos,


Você diz que não tem mais vontade.


Eu me ofereço inteiro


E você se satisfaz com metade.


É a meta de uma seta no alvo,


Mas o alvo, na certa não te espera!


Então me diz qual é a graça


De já saber o fim da estrada,


Quando se parte rumo ao nada?


Sempre a meta de uma seta no alvo,


Mas o alvo, na certa, não te espera.


Então me diz qual é a graça


De já saber o fim da estrada,


Quando se parte rumo ao nada?


Composição: Paulinho Moska e Nilo Romero

Imagem: farm4.static.flickr.com

segunda-feira, julho 14

Depois


Depois da chuva, o sol


Depois do um, o dois


Depois do outono, a primavera


Depois da árvore, a semente


Depois da galinha, o ovo


Depois do mar, o continente


Depois do vento, a calmaria


Depois da saudade, o encontro


Depois do dia, o momento esperado nesta varanda, a NOITE.