sexta-feira, novembro 24

Elegia Bancarrota...

Imagem obtida em:

(ou, para Marcelle, Moderação)


Meu lugar é aqui.

O fluxo me empurra, me atropela.

Nunca soube que poemas tivessem pés.

Versos de cinco pés, versos de seis pés.

Pentâmetros... Hexâmetros...

Da Elegia só guardo a melancolia!!!!

Do movimento que empurra, fratura, quebra.

Da bancarrota que falo,

não há tom em azul.

Imagem obtida em: http://www.pbase.com/image/26745725
Há a cor da terra

no sonho jambo insolvente.

É estranho dizer:

Mas, meu lugar tornou-se aqui!

É um lugar sendo de passagem.

É um lugar que me leva,

Que torna minhas raízes pés.

Não pés de versos,

Nem de jacarandá!

Muito menos pés de sonhos de meu éden tropical.

Porque sonhos se vão sem que sejam em vão!

Os diamantes que não rolam pelo chão,

óbvio: ninguém quer comprar.

E eu não posso, não quero vender,

queria mesmo era enraizar!

A varanda é lugar de passagem.

Mas também é lugar de encontro.

Então, eu quero ficar!

Ficando não encontro o mar!

Enraizando, não canto a melancolia dos que vão.

Indo, não vejo as estrelas que à noite rolam no chão.

Imagem obtida em: http://www.natalino.com.br/sinaleiro/archives/2004_04.html Ninguém vai vender.

Exílio não se vende:

Se busca, ou para ele é tocado.

O preto no branco da varanda do degredo, que não é blue,

Na minha bancarrota estada no mundo

Fico entre o aqui e o lá.

A raiz e o pé.

O agora e o depois (o passado a gente dá como esquecido)

Entre o que foi e o que virá.

Nesta insolvência que me impulsiona

Da Casa Sincera para o MAR.

Márcia, em 23/11/2006. (Embora estivesse fervendo este texto mentalmente há um tempo, veio ontem por inteiro na aula de MKT I, em questão de segundos, enquanto um aluno ou outro me chamava para tirar uma dúvida do trabalho que estava sendo feito.)


2 comentários:

Varanda do Degredo disse...

Isto que "obedece a uma força de ordem maior" certamente alguém há de "querer comprar", porque simplesmente fica(!) em algum lugar de nós (leitores), enraizado sim! Não por ser diamante, nem por se tratar de estrela..., porque a estes "raramente tocamos" como aqui!!! Sim, criamos "pés e raízes", "entre o aqui e o lá", e assim experimentamos transcender ainda como reles mortais, porque ousamos a cada dia. É como cuidar de vir "a casa do amor e aprender" que o mergulho no mar é o que faltava pra enxaguar tantos restos, revigorar tanta força que ainda há de "emergir com os ímpetos de um parto - numa explosão de claridade", entre o esquecer e o lembrar... Porque isto é insistir "na corda bamba", nos dribles, pela possibilidade da cesta de três pontos no último segundo virando o jogo e assim ressuscitar "com o bico apontado para o alto". Em dias brancos por vezes vestida em negro, simplesmente vir para ser tocada como agora.
Também já "não posso, não quero vender"... Aqui passo e me encontro, numa varanda com vista para o mar!!!
Simplesmente mergulhemos!
Obrigada, Marcelle.

Varanda do Degredo disse...

Espera aí!!! Ou seria "ordem de força maior" ?????