terça-feira, novembro 28

Sobre o tempo e nossa regulação...

Imagem obtida em:
http://www.stoneagescanners.com/chester/blog/archives/2005/10/horario_de_vera.html


Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente.


Carlos Drummond de Andrade
Nobert Elias, em seu livro, Sobre o tempo, defende a tese que o tempo é um saber socialmente construído, sendo uma referência fundamental para a convivência humana.
Em diálogo com os físicos de seu tempo, Elias se vale da idéia predominante na Física, de que o tempo físico não existe! Conclusão pós-Einstein. Arvora-se da prerrogativa dos sociólogos, então, tratarem da questão, e demonstram que este saber, assistemático e coletivo, sintetizado no conceito "tempo", é fundamental na nossa orientação, em todos os sentidos cabíveis.
A síntese chamada "tempo", é por Elias comparada à linguagem, cujos processos de construção não reconhecemos nem exatamente a origem, nem a conclusão, pois esta não há.
Tais sínteses de conhecimentos construídos a partir de interações entre humanos e não humanos, entre necessidades e contigências, podem assumir força reguladora, coercitiva e dominante e da possibilidade de com esta força interagirmos.
Esta sacação fantástica, Drummond teve na poesia.
Também teve a Bancarrota Red, marcada por um grito de liberdade ao cronômetro...
É isto, Marcelle, abolindo a ditatura do cronômetro, do tempo pasteurizado, podemos reinventar este saber, deixando-se pertencer ao tempo dos resistentes, dos que não cedem às ditaduras, dos que são livres em espírito e corpo, e almejam viver no tempo das interações como esta que vivemos nesta varanda, que, embora sendo de passagem, marca um tempo, um tempo do exílio, que é ânsia não dos loucos, mas do que não reconhecem a ditatura do relógio como um tempo legítimo!!!
Continuemos...
Márcia

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