sexta-feira, novembro 3

Riacho Mudo


Sei que descrente deste mundo tão vazio

Como as águas de um rio que tem pressa de chegar,

Busco incessante a correnteza perfeita: sem perigo ou desvio...

Um destino impreciso, sem chover, sem secar...


Também eu nasci para correr crescendo,

Regar a vida sentindo, sentir a vida morrendo

A cada dia que eu souber conquistar.

Pois cada dia e monos um daqueles

que me destinaram aqui estar:

E todo dia traz na sombra a energia

que desanimou para um despontar...

Digo, porque nas correntezas da vida,

Foi justamente nas descidas que me impulsionei,

E se as descidas eram justas ainda não sei,

Mas sempre me revelaram a visão mais bonita,

A realeza intraduzida no pássaro amigo que avistei...

Sei que sem as descidas não veria

O valor que tem o alto o brilho que dele irradia...

A frieza que traz o fundo, o encontro com a poesia...

A oscilação, a incerteza, na tristeza que se seguia...



Mas sei que deveras triste a felicidade existe

Inerte no amor onde se possa navegar.

E digo porque embora em risco

Mesmo o desvio ou o pássaro amigo pode falhar.

Só que na falta desmedida.

Ensinaram-me que na vida,

Não se esquece da missão que há não razão de respirar.

Porque da nascente mestra é divina,

Parti com a sina das águas:

Talvez chegar;

E o caminho que a margem ensina,

continua ... talvez vazio,

mas certo como as águas de um rio

Que correm pro mar...

Marcelle, 07-01-97

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