Sei que descrente deste mundo tão vazio
Como as águas de um rio que tem pressa de chegar,
Busco incessante a correnteza perfeita: sem perigo ou desvio...
Um destino impreciso, sem chover, sem secar...
Também eu nasci para correr crescendo,
Regar a vida sentindo, sentir a vida morrendo
A cada dia que eu souber conquistar.
Pois cada dia e monos um daqueles
que me destinaram aqui estar:
E todo dia traz na sombra a energia
que desanimou para um despontar...
Digo, porque nas correntezas da vida,
Foi justamente nas descidas que me impulsionei,
E se as descidas eram justas ainda não sei,
Mas sempre me revelaram a visão mais bonita,
A realeza intraduzida no pássaro amigo que avistei...
Sei que sem as descidas não veria
O valor que tem o alto o brilho que dele irradia...
A frieza que traz o fundo, o encontro com a poesia...
A oscilação, a incerteza, na tristeza que se seguia...
Mas sei que deveras triste a felicidade existe
Inerte no amor onde se possa navegar.
E digo porque embora em risco
Mesmo o desvio ou o pássaro amigo pode falhar.
Só que na falta desmedida.
Ensinaram-me que na vida,
Não se esquece da missão que há não razão de respirar.
Porque da nascente mestra é divina,
Parti com a sina das águas:
Talvez chegar;
E o caminho que a margem ensina,
continua ... talvez vazio,
mas certo como as águas de um rio
Que correm pro mar...
Marcelle, 07-01-97
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